Tianna Harris lidera uma equipa do Damaiense em reconstrução, após período de incerteza quanto à permanência na Liga BPI. A O JOGO, a internacional canadiana, de 25 anos, afirma que a equipa "aprendeu a resistir às dificuldades" e garante que, depois de tudo o que passaram, o grupo ficou bem mais fortalecido.
Corpo do artigo
Chegou a Portugal na época passada, vinda do Fleury 91, de França, e depressa se tornou uma das figuras do Damaiense SAD. Tianna Harris, 25 anos, internacional pelo Canadá, é hoje o rosto da liderança no balneário e uma das peças mais consistentes da Liga BPI. Agora, na segunda temporada ao serviço do clube, Tianna vive um novo capítulo da sua carreira, marcado pela mudança para o Algarve e por um Damaiense SAD em reconstrução. A O JOGO, a defesa fala com a tranquilidade de quem já passou por muito e com a confiança de quem acredita no caminho que está a traçar.
O Damaiense SAD mudou-se para o Algarve e entrou numa nova fase. Como é que tem sido esta adaptação a um ambiente completamente diferente de Lisboa?
-Tem sido uma experiência muito positiva. A energia aqui é completamente diferente, mais calma, mais leve. Em Lisboa já costumava ir à praia, mas agora passo lá quase todos os dias depois do treino. Muitas vezes vamos todas ver o pôr do sol juntas. O clima ajuda muito no nosso ânimo. É difícil estar de mau-humor quando o teu trabalho é jogar futebol e o tempo está sempre bonito.
Após uma época tão intensa e emocionalmente desgastante, o que a fez querer continuar no Damaiense?
-Assinei por dois anos e quis terminar o que comecei. Sinto que ainda há história para escrever aqui.
Este ano assumiu a braçadeira de capitã. O que significa para si liderar uma equipa num momento de tantas mudanças?
-Ser capitã é sempre uma honra. É uma bênção poder liderar e representar um grupo. Claro que tem os seus desafios, há muita coisa fora do futebol à qual temos de nos adaptar, mas toda a gente aqui é resiliente e entende que faz parte do processo.
O verão foi caótico, com dúvidas até à última hora sobre a permanência do clube na Liga BPI. Como é que viveram esse período?
-Foi muito stressante. Perdemos jogadoras importantes e não sabíamos se íamos continuar na Liga BPI ou se teríamos de mudar de clube. Houve ansiedade, mas no fim acabou por correr bem. As novas jogadoras trouxeram muita energia positiva e vontade de trabalhar. Estamos a construir algo bom juntas.
Como é que uma capitã motiva um grupo que passou por tanta instabilidade e incerteza?
-Ouço muito o grupo. Tenho a sorte de ter outras líderes que me ajudam a dar voz à equipa. Tento garantir que estamos unidas e que a energia se mantém positiva. Dou sempre o meu máximo e exijo o mesmo de todas. No fim do dia, o mais importante é desfrutar do processo, mesmo dos momentos difíceis, e lutar pela colega que está ao teu lado.
E sente que esse "drama de bastidores" acabou por vos unir ainda mais?
-Completamente. Depois do que vivemos no ano passado, já não há muito que nos abale. Estamos focadas no futuro e a tentar deixar o passado para trás. As dificuldades tornaram-nos mais fortes e unidas.
O Damaiense SAD começou a temporada com uma vitória, um empate e dois desaires. Como avalia este arranque?
-Acho que o início da época mostra bem quem somos. Mesmo com poucos treinos antes do primeiro jogo e um plantel curto, conseguimos lutar até ao fim e manter a atitude. O grupo tem mostrado muito profissionalismo.
Quais são, para si, os maiores desafios dentro de campo nesta nova fase?
-A consistência e a intensidade. Com um grupo novo e um plantel reduzido, temos de dar sempre tudo. Mas é isso que nos tem feito crescer.
O Damaiense tem um grupo renovado e um novo treinador, o islandês Kristjan. Como tem sido o trabalho com ele?
-Tem sido bom. Ainda estamos a adaptar-nos às ideias dele, mas a integração foi muito positiva. O maior desafio é manter a intensidade dos treinos sempre alta, porque temos poucas jogadoras e algumas continuam a entrosar-se. Mas temos conseguido equilibrar as coisas.
Que metas traçaram para esta época?
-Ainda não falámos formalmente sobre objetivos coletivos, mas o nosso foco é sempre o mesmo: competir, crescer e tentar estar o mais acima possível na tabela.
Do impasse da inscrição a uma nova etapa, agora no Algarve
Na sequência de o TAD ter dado razão ao clube e confirmado a sua reintegração na Liga BPI - principal campeonato de futebol feminino em Portugal -, após a inscrição ter sido inicialmente recusada pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF) devido a alegado incumprimento dos requisitos de participação, o Damaiense SAD reorganizou-se e anunciou que a equipa feminina iria passar a jogar no Estádio Algarve, mudando também a filiação para a AF Algarve.
A mudança para o extremo sul foi exclusiva para a equipa sénior feminina, deixando para trás a histórica ligação à Damaia, e visa proporcionar melhores condições para treinos e jogos, bem como reforçar a projeção do projeto feminino do clube.
