Débora Maciel entrou para a história do clube, que se estreou na Liga BPI, e até assustou o campeão. A derrota por 5-1 frente às campeãs nacionais não abalou a ambição, pelo contrário, fortaleceu-a. Defesa de 26 anos garante que a equipa está a crescer e aponta à permanência
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A estreia do Vitória na Liga BPI não foi a mais feliz ao nível do resultado - derrota por 5-1 diante do Benfica -, mas ficará para sempre marcada na história do clube. Pela primeira vez, as conquistadoras mediram forças no principal escalão do futebol feminino e, apesar do desfecho, chegaram a dar o primeiro golpe, inaugurando o marcador diante do campeão. Débora Maciel, defesa de 26 anos, cumpre a segunda temporada de castelo ao peito e é uma das figuras da equipa. Em conversa com O JOGO, fala da emoção da estreia, da ambição para o futuro e do peso de representar o emblema do rei.
Entraram em campo pela primeira vez na Liga BPI, ainda por cima contra o campeão nacional, como foi esse momento?
-Foi especial. Não só para nós, jogadoras, mas também para a equipa técnica, para o staff e para todos os que têm acompanhado este percurso. Trabalhámos muito para chegar aqui e finalmente conseguimos desfrutar desse momento. O resultado não foi o que queríamos, mas fazer parte da primeira equipa do Vitória a competir na Liga BPI é algo histórico.
O Vitória ainda conseguiu surpreender, marcando primeiro. Que leitura faz do jogo?
-Mostrou-nos muito. Houve coisas boas, que devemos manter, e outras menos positivas, que precisamos de corrigir. Estamos a construir uma equipa nova, com muitas jogadoras diferentes, e isso leva o seu tempo. Mas sinto que já estamos melhores.
Uma derrota pesada pode abalar, mas sentiu sinais positivos nesta?
-Sim, sem dúvida. Não era o desfecho que desejávamos, mas serviu para percebermos onde temos de trabalhar. No fundo, foi uma lição.
Há quem diga que o Vitória subiu, mas não tem plantel para a Liga BPI. Como reagem a esses comentários?
-Não estamos preocupadas com esse tipo de críticas, não nos ajudam em nada. Estamos conscientes da qualidade que temos, pelo que só precisamos de nos preocupar com o nosso desempenho e a nossa entrega em cada jogo.
O próximo é diante do Racing Power, em Setúbal. O que espera?
-Vai ser um jogo bastante interessante. O Racing Power é uma equipa muito organizada e com muita qualidade. Vamos dar o nosso melhor, explorando os nossos pontos fortes e os pontos fracos delas para trazermos os três pontos.
Olhando para a época como um todo, o pretende o Vitória alcançar?
-O nosso objetivo passa por fazermos o melhor possível, mostrar do que somos capazes carregando o símbolo do rei ao peito e estabilizar o clube no principal palco nacional do futebol feminino.
O que será decisivo para lá chegar?
-Acho que um grupo unido pode conseguir feitos enormes. Se mantivermos a união, todas comprometidas com o mesmo objetivo e a mesma entrega, vamos garantir a permanência.
Em que pode este plantel surpreender os adversários?
-Temos um grupo interessante e com muita qualidade, que ainda está a conhecer-se. A partir do momento em que encaixarmos e entendermos melhor as características de cada uma, daremos uma resposta muito boa.
O clube tem investido cada vez mais no feminino. Que balanço faz dessa aposta?
-O clube tem crescido e tem um projeto sério, com uma estrutura que, infelizmente, muitos clubes ainda não têm. Hoje estamos na primeira liga porque temos essa estrutura. Temos de representar o símbolo do Vitória com a máxima entrega.
E os adeptos, sente-os próximos?
-No Vitória sente-se sempre. Independentemente da modalidade ou do escalão, os adeptos estão lá. E isso diferencia este clube.
O que significa, para si, vestir a camisola do Vitória?
-É uma honra sentir o Vitória e ver o amor que os adeptos têm pelo clube. O Vitória acreditou e apostou em mim desde o início. Não posso garantir que estarei sempre bem, porque vou cometer erros, mas darei sempre o máximo pelo clube.
A Liga BPI ficou mais curta, mas cresceu o espaço para surpresas
Esta edição da Liga BPI arranca com menos equipas, mas com uma energia reforçada. Débora Maciel acredita que esta temporada no escalão principal será particularmente competitiva e garante que podem aparecer surpresas. "Acredito que vai ser uma prova muito competitiva, principalmente agora que há menos equipas. Os plantéis reforçaram-se de acordo com as exigências do campeonato. Há equipas com experiência que têm evoluído ao longo dos anos, mas também há equipas que estão a entrar com vontade no seu primeiro ano na competição e que vão surpreender, tenho a certeza", afirma a defesa brasileira que representou Vilaverdense, Condeixa, Amora e Estoril antes de chegar a Guimarães.