Daniela Alves concilia futebol com dois trabalhos: "Fugia de casa para jogar"
A avançado concilia o futebol com dois trabalhos e continua focada em tornar-se profissional
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Daniela Alves, mais conhecida por Pipa no mundo futebolístico, tem sido um caso de sucesso no Estoril. Deu nas vistas na Fundação Laura Santos, clube pelo qual marcou mais de 40 golos, o que lhe valeu o salto para o campeonato islandês. Na formação canarinha há seis temporadas, a avançado de 29 anos revela que o grande sonho é tornar-se jogadora profissional e quiçá, um dia, representar o FC Porto.
Como caracteriza esta temporada, tanto a nível pessoal como coletivo?
-Esta época tem sido de sacrifício e resiliência a nível pessoal. Tento fazer das minhas limitações a força para encarar os objetivos e, acima de tudo, tento ganhar confiança pouco a pouco. A nível coletivo é, sem sombra de dúvidas, uma época de crescimento e de aposta na formação.
Na época passada, a Daniela esteve bastante tempo fora dos relvados devido a lesão. Sente que está perto de chegar à forma habitual?
A lesão da época anterior foi o pior momento desde que jogo. Agora, é como se estivesse a começar tudo do zero. Antes do fim de época ainda há muita coisa a fazer: primeiro, aproveitar cada jogo e cada treino para evoluir; depois, ajudar a minha equipa a manter-se no escalão maior português e alcançar os objetivos. No final vou ser operada novamente à clavícula e a principal expectativa é que recupere muito bem e fique a 100 por cento para a próxima época.
Licenciada em Desporto, a paixão da avançado de 29 anos sempre residiu nos relvados. De manhã é responsável por uma loja desportiva, de tarde é coordenadora do CSTúlias de Alcoitão. À noite, treina.
Deu nas vistas na Fundação Laura Santos e deu o salto para o campeonato islandês, para representar o UMF Afturelding. Como surgiu essa oportunidade?
-A oportunidade na Islândia surgiu numa altura em que eu já tinha terminado a época em Portugal. Recebi uma chamada de um agente desportivo, que, curiosamente, não era o meu. Perguntou-me se queria ir ajudar uma equipa que estava a disputar a fase de manutenção e, sendo um contrato profissional, não hesitei e aceitei logo.
Como foi essa experiência?
-Foi uma passagem curta mas muito enriquecedora a todos os níveis. É um futebol muito físico, com atletas de vários países. A parte mais engraçada desta experiência foi que eu abracei este projeto sem saber falar ou entender nenhuma das línguas. É um país muito paisagístico, com excelentes condições, e que me encantou. As únicas coisas menos boas eram o frio e o fuso horário, pois no verão era sempre dia.
No entanto, Portugal chamou por si, mais concretamente o Estoril, clube que representa há seis temporadas consecutivas...
-A oportunidade no Estoril surgiu depois da passagem pela Islândia, quando vinha de um grande momento desportivo. O treinador que ia assumir o Estoril naquele ano fez-me o convite, porque seria o primeiro ano do clube no principal escalão. Desde então senti-me muito bem acolhida por toda a gente e já vou na sexta época ao serviço do "Mágico".
Relativamente a esta paixão pelo futebol, como é que tudo começou?
-O futebol surgiu desde muito cedo. Fui criada com a minha avó e os meus dias eram passados a jogar futebol num largo ao pé de nossa casa. Jogava horas e horas, até a minha avó se chatear e ir buscar-me todos os dias ao largo. Às vezes, até fugia de casa à noite para ir jogar futebol com os meus amigos.
E no futuro, quais são os seus sonhos e ambições para a carreira?
-Apesar deter quase 30 anos, gostava de passar por uma experiência profissional e de representar o FC Porto, o clube do meu coração. Sei que já esteve mais longe de criar uma equipa feminina.