Contratação mais cara no verão: "Um honra o Sporting ter acreditado em mim"

Ashley Barron, jogadora do Sporting
Ashley Barron foi a contratação mais cara do Sporting neste verão e tem-se assumido como uma das jogadoras mais influentes da formação leonina
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Ashley Barron chegou a Alvalade com a responsabilidade de provar que o investimento de 50 mil euros não foi em vão - e não tardou a mostrar que veio para ser peça central do Sporting. Aos 24 anos, a defesa norte-americana soma 13 jogos e dois golos esta época e é a atleta da Liga BPI com mais passes certos, toques na bola e tentativas de passe. Num contexto de alta exigência, Barron abre o livro a O JOGO sobre a sua integração, como encara o valor da sua transferência e quais objetivos define para si e para a equipa leonina.
Chegou ao Sporting vinda do Racing Power e depressa se afirmou. Como foi adaptar-se a um clube com esta dimensão e exigência?
-A adaptação ao Sporting tem sido uma experiência diferente de tudo o que já vivi. Num clube com ambições tão grandes, cada atleta tem um papel muito claro, e com a ajuda das minhas colegas e da equipa técnica percebi rapidamente o que esperavam de mim. Fui muito bem recebida e sempre senti vontade de me ajudarem a entender o sistema e o que a equipa precisava da minha posição.
O que significa para si jogar no Sporting?
-É o sonho de qualquer jogadora dar passos rumo a clubes maiores. O Sporting representa um desses sonhos. É um clube histórico e reconhecido em todo o mundo. É uma enorme honra.
É a jogadora da Liga BPI com mais passes certos, mais toques na bola e mais tentativas de passe. Estes números fazem parte do tipo de jogadora que pretende ser?
-São números importantes numa posição que ajuda a mudar o ritmo do jogo e a fazer a equipa avançar. O que mais quero é que as minhas colegas confiem em mim quando temos a bola. Muito do meu rendimento vem do facto de jogar numa equipa que valoriza muito a posse e que tem uma estrutura muito disciplinada.
A leitura de jogo da Ashley destaca-se bastante neste modelo de jogo. Como trabalha essa capacidade?
-Trabalho muito nos treinos e através de vídeo. As minhas colegas colocam muita exigência nos treinos, o que faz com que os jogos pareçam menos "stressantes" porque já vivi situações semelhantes. A análise em vídeo ajuda-me a perceber opções que não vi durante o jogo, e o feedback das colegas e dos treinadores tem sido essencial.
O que sente que mais evoluiu desde que chegou ao Sporting e o que ainda quer melhorar?
-O meu jogo com bola e a velocidade com que tomo decisões cresceram muito desde que cheguei. O Sporting vive muito da posse e isso obrigou-me a assumir funções que, antes, não eram tão naturais para mim. Mas quero continuar a melhorar no momento ofensivo. Jogar com atletas tão talentosas puxa sempre por mim. E defrontá-las nos treinos também me tem feito crescer bastante no aspeto defensivo.
A sua transferência custou 50 mil euros, sendo a mais cara do clube neste mercado de verão. Vê isso como um peso ou como um voto de confiança?
-Para mim, é uma honra o Sporting ter acreditado em mim ao ponto de investir esse valor. Não o vejo como um peso, vejo-o como um desafio: chegar a um contexto novo, crescer e subir o meu nível. Motiva-me todos os dias a ser melhor e a ajudar o Sporting a alcançar os seus objetivos.
Falando agora do plano coletivo: o Sporting está no segundo lugar da Liga BPI, a cinco pontos do Benfica. O que falta para reduzir essa distância?
-Deixámos escapar pontos que sabemos que não devíamos ter perdido, mas a época ainda vai no início. Tivemos muitos jogos seguidos, muito desgaste e várias jogadoras novas a integrar a equipa. Naturalmente demorou a encaixar. Agora, com mais ritmo e mais ligação entre nós, começamos a mostrar a verdadeira qualidade do grupo.
O que acha que ainda está "adormecido" e que pode ser decisivo nos momentos importantes?
-Sobretudo o tempo de adaptação entre tantas jogadoras novas. Quando chega tanta gente ao mesmo tempo, é normal demorar até tudo encaixar. Cada uma traz características diferentes, e era preciso perceber como tudo podia combinar da melhor forma.
O que distingue este Sporting das equipas onde esteve antes?
-O modelo de jogo. A maior parte das equipas onde joguei tinha um futebol mais direto e muito centrado na responsabilidade defensiva. Aqui existe um equilíbrio maior entre defender e atacar, e a bola tem outra importância.
Como tem sido trabalhar com o treinador Micael Sequeira?
-Tem sido muito positivo. O mister nunca deixou de acreditar na equipa, independentemente dos resultados. Mostra-nos sempre que está connosco, e isso é fundamental. Transmite muita confiança e entrega-se totalmente ao grupo.
Quais são os objetivos individuais e coletivos?
-Individualmente, quero cumprir bem o meu papel e ajudar o Sporting em tudo o que for preciso. Isso também me faz crescer porque o nível de exigência é muito alto. Coletivamente, queremos competir ao mais alto nível e ganhar o máximo de pontos e jogos até ao final. Depende de nós e queremos que assim continue.
Sporting quer impor-se na Taça Europa e Hammarby não assusta
Para Ashley Barron, a aventura europeia do Sporting tem acelerado o crescimento do grupo. "Tem sido incrível. É muito interessante ver como estilos de jogo tão distintos se encontram em campo. Os ambientes, os estádios, o apoio... tudo isso torna a experiência ainda mais especial e dá muita visibilidade à qualidade do futebol feminino europeu", refere a defesa leonina.
Agora, nos quartos de final da Taça Europa, o Sporting mede forças com o Hammarby, um dos projetos mais consistentes do continente. Ashley reconhece a força do adversário, mas não se encolhe. "É uma equipa muito respeitada e completa. Está a fazer uma grande época. Vai ser um jogo muito físico e ambas as equipas vão ter de estar no máximo. Como sempre, vamos preparar-nos bem para tentar continuar a avançar na competição", garante a norte-americana. Ambição não lhe falta - nem a ela, nem ao grupo. E a meta está bem definida. "Tenho total confiança de que podemos chegar à final. A qualidade desta equipa é enorme".
