Caso Jenni Hermoso: Ministério Público pede dois anos e meio de prisão para Rubiales
A Fiscalía espanhola pede um ano de prisão para Luis Rubiales pelo beijo a Jenni Hermoso durante os festejos do Mundial feminino e mais um ano e meio de prisão pelo crime de coação. Para Jorge Vilda, Rúben Rivera e Albert Luque foi pedido um ano e meio de prisão por coação
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O Ministério Público espanhol pede que Luis Rubiales, antigo presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), seja condenado a dois anos e meio de prisão na sequência do beijo que deu à futebolista da seleção espanhola Jenni Hermoso durante os festejos da conquista do Mundial'2023 feminino. Um ano de prisão refere-se ao crime de agressão sexual pelo beijo não consentido e um ano e meio ao crime de coação (as pressões que terão existido por parte do dirigente à jogadora depois daquele momento no relvado).
De acordo com a imprensa espanhola, a Fiscalía espanhola pede também um ano e meio de prisão para Jorge Vilda, antigo selecionador da equipa feminina de Espanha, Albert Luque, diretor desportivo da seleção masculina, e Rubén Rivera, diretor de marketing da RFEF.
É ainda pedida uma indemnização no valor de 100 mil euros para Jenni Hermoso: 50 mil euros a pagar por Rubiales e os outros 50 mil repartidos pelos quatro acusados.
O Ministério Público espanhol quer ainda que Luis Rubiales seja proibido de exercer cargos na área desportiva enquanto está a ser julgado e que seja ainda proibido de se aproximar de Jenni Hermoso num raio de 200 metros nos próximos quatro anos.
Recorde o caso:
Em agosto do ano passado, Luis Rubiales beijou na boca Jenni Hermoso no estádio de Sidney, após a final do Mundial de futebol feminino, que Espanha venceu.
Jenni Hermoso disse que o beijo não foi consentido e queixou-se também de coações por parte de outros dirigentes da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) e da seleção feminina, que queriam que a jogadora corroborasse a versão diferente sobre o beijo que deu Luis Rubiales.
Em 25 de janeiro, a Audiência Nacional espanhola decidiu que o antigo presidente da RFEF vai a julgamento por este caso.
O juiz Francisco de Jorge considerou que o beijo em causa “não foi consentido” e que o selecionador Jorge Vilda, que também vai a julgamento, “exerceu pressão” sobre Hermoso.
Segundo o juiz, “o beijo não foi consentido, foi uma ação unilateral e de surpresa”.
“A finalidade erótica ou não, bem como o estado de euforia e agitação que se seguiram ao extraordinário triunfo, são elementos cujas consequências, ou consequências legais, devem ser determinadas durante o julgamento”, indicou o juiz.
A argumentação foi neste sentido face às justificações de Rubiales, quando disse que a situação ocorreu num “momento de felicidade, de grande alegria e no momento”, rejeitando qualquer “conotação sexual”.
Já o juiz entendeu que este beijo na boca “afeta a esfera da intimidade, reservada às relações sexuais entre dois adultos”.
Além de Luis Rubiales, o magistrado decidiu levar também a julgamento o diretor da seleção masculina, Albert Luque, o antigo selecionador feminino Jorge Vilda e o antigo diretor de marketing da RFEF Rubén Rivera, pelas “pressões” exercidas sobre a jogadora após os acontecimentos.
Francisco de Jorge considerou ter existido ação concertada entre os três, com a conivência de Luis Rubiales, “para quebrarem a vontade de Jenni Hermoso e levarem a jogadora a gravar um vídeo referindo que o beijo tinha sido consentido”.
Após os acontecimentos, Rubiales recusou demitir-se do cargo de presidente da federação, o que acabou por fazer em 10 de setembro.
Por causa deste caso, a FIFA suspendeu Luis Rubiales por três anos de todas as atividades relacionadas com futebol.
O comportamento de Rubiales valeu-lhe ainda a abertura de processos disciplinares pelo Tribunal Administrativo do Desporto de Espanha, além da queixa na justiça apresentada por Jenni Hermoso.