Várias campeãs do mundo surgem no "trailer" do documentário "'#SeAcabó" com críticas para o organismo na altura presidido por Luis Rubiales
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A Netflix apresentou esta quarta-feira o "trailer" de um documentário que será lançado a 11 de novembro e que incide sobre a crise que se abateu sobre Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), na sequência da conquista do Mundial feminino de 2023.
Várias campeãs do mundo surgem no "trailer" do documentário "'#SeAcabó" [Acabou-se, em espanhol] com críticas para o organismo na altura presidido por Luis Rubiales, que acabou afastado do cargo após ter dado um beijo não consentido à jogadora Jenni Hermoso, levando a protestos em massa na "Roja", com 15 jogadoras a exigirem mudanças internas.
"Para mim, era um grupo roto. Parecia que tínhamos de ganhar para lixar as outras", começa por dizer Laia Codina, uma dessas 15 jogadoras que aderiram ao protesto.
"Vivemos e lutámos cada bola dentro e fora de campo. A Federação tomou tudo como um ataque e foi atrás de nós", acusou Irene Paredes, com Aitana Bonmatí, vencedora da Bola de Ouro desse ano, a reforçar: "Não apostavam em nós, não se importavam connosco".
"A Federação tinha futebol feminino porque tinha de ter", prosseguiu Alexia Putellas, admitindo também que ficou "indignada" quando viu Rubiales, antes de ser suspenso pela FIFA, a recusar demitir-se da presidência da RFEF em função do beijo a Hermoso: "Senti tanta raiva por dentro...".
A vítima desse beijo não consentido do dirigente espanhol, Jenni Hermoso, também surgiu visivelmente afetada no "trailer", dizendo, com lágrimas nos olhos, que "muita gente não sabe a real história de tudo o que se passou".
"Fomos campeãs também para podermos ser ouvidas, ainda que... Vivemos tudo. No princípio, não éramos m** nenhuma, até que fomos campeãs do mundo e sofremos algo que nunca tínhamos imaginado. E continuarmos daí... Disse: 'Acabou-se'", sentencia.
O antigo presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) Luis Rubiales vai ser julgado em fevereiro de 2025, em Madrid, no âmbito do caso de alegadas agressões sexuais à futebolista Jenni Hermoso.
Rubiales está acusado pelos crimes de agressão sexual e coação e incorre numa pena de dois anos e meio de prisão.
A acusação considera que o beijo nos lábios dado pelo ex-dirigente da RFEF à jogadora Jenni Hermoso, no estádio de Sydney, após a conquista do título mundial de futebol feminino pela seleção de Espanha, em agosto de 2023, “não foi consentido”, classificando-o como “uma ação unilateral e de surpresa”.
Além de Luis Rubiales, vai também a julgamento o diretor da seleção masculina, Albert Luque, o antigo selecionador feminino, Jorge Vilda, e o antigo diretor de marketing da Federação, Ruben Rivera, por pressões sobre a jogadora.
A acusação considera ter existido ação concertada entre os três, com a conivência de Luis Rubiales, “para quebrarem a vontade de Jenni Hermoso e levarem a jogadora a gravar um vídeo referindo que o beijo tinha sido consentido”.
Após os acontecimentos, ocorridos em 20 de agosto de 2023, na final do Mundial, o dirigente, que inicialmente recusou a demissão do cargo – o que viria a acontecer em 10 de setembro -, disse ter sido um pequeno beijo consentido e referiu estar a ser alvo de um “falso feminismo”.
Entretanto, a FIFA suspendeu, em 30 de outubro, Luis Rubiales de todas as atividades relacionadas com futebol, indeferindo posteriormente o recurso apresentado pelo ex-presidente.