Aproveitamos (mais uma) longa pausa de Natal no campeonato para fazer o ponto da situação da prova, olhando também para o que costuma acontecer na luta pelo título a quem chega a esta altura na frente da liga.
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O campeão Benfica chega à pausa de Natal na liderança isolada do campeonato, exatamente com a mesma vantagem sobre o segundo (o Porto) que os portistas tinham nesta altura da liga transata relativamente ao Benfica (então segundo classificado). Também nessa altura estavam disputadas 14 jornadas.
Curiosamente, na ronda seguinte o Benfica perderia em Portimão e ficaria a 7 pontos dos dragões, caindo para a quarta posição. Mas foi também nessa jornada que tudo mudou, uma vez que o resultado no Algarve levou à saída de Rui Vitória e à chegada de Bruno Lage. O resto da história todos conhecemos, com o Benfica a realizar uma magnífica recuperação para celebrar no Marquês, em Maio.
Fim do quarto ciclo do campeonato
Numa liga portuguesa com paragens demasiado prolongadas, concluiu-se (já há quase 2 semanas...) o quarto ciclo da prova, constituído por apenas 3 rondas. O Benfica voltou a ser o mais forte neste período, com um pleno de 3 vitórias, enquanto o Porto somou dois triunfos e um empate (no Jamor, perante o Belenenses SAD), o que lhe custou mais dois pontos de atraso na luta pelo título.
O mesmo registo foi protagonizado pelo Vitória de Setúbal, subindo a um tranquilo 7º lugar e acabando por justificar a contratação de Júlio Velasquez que, portanto, ainda não perdeu no comando dos sadinos.
Sporting e Moreirense, com duas vitórias e uma derrota, surgem logo a seguir entre os melhores desempenhos, enquanto o Famalicão (revelação dos dois primeiros ciclos do campeonato e líder até à 7ª ronda) apresentou o pior registo, com 3 derrotas em 3 jogos, perdendo o 3º lugar para os leões.
Porto melhor a recuperar do que a segurar vantagens pontuais no Natal
Já houve quem denominasse a equipa que chegava ao Natal/ Ano Novo como "Campeão de Inverno", mas sem qualquer propriedade, uma vez que esta designação aplica-se, isso sim, ao líder do campeonato no fim da primeira volta. Agora, até há quem queira chamar "Campeão de Inverno" ao vencedor de uma taça, mas isso são outras conversas...
Seja como for na maior parte das vezes, o líder no Natal acaba por ser o mesmo que no final da primeira volta (desde 1995/96, quando as vitórias passaram a valer 3 pontos, apenas em 5 ocasiões tal não sucedeu). Apesar disso, desde 2014 que no Números Redondos falamos do "Campeão de Natal", para distinguir as duas coisas.
Desde a tal temporada 1995/96, a maior parte das vezes o "campeão de Natal" corresponde também ao campeão no final da liga, mas curiosamente essa é uma tendência que tem vindo a mudar nos anos mais recentes. E se focarmos a nossa atenção nos últimos 10 campeonatos, a verdade é que na maioria deles (6) o líder no Natal acabou por perder o título.
Tal sucedeu mais vezes ao Porto: em três ocasiões (2013/14, 2015/16 e 2018/19), sempre a favor do Benfica. Os encarnados permitiram a recuperação do Porto em duas ligas (2011/12 e 2012/13), e finalmente o Braga cedeu o primeiro lugar, no Natal. ao Benfica, em Maio, na liga 2009/10.
Ou seja, os portistas têm sido melhores a recuperar desvantagens no Natal (2 vezes) do que a segurar lideranças (3 recuperações permitidas), enquanto o Benfica tem mais recuperações conseguidas (4) do que permitidas (2). Acrescente-se que nesta história de despiques pelo título nos últimos 10 anos, os dois Sporting (o de Lisboa e o de Braga) têm tido papéis muito secundário, com envolvimento em apenas duas temporadas (Guerreiros do Minho em 2009/10 e Leões em 2015/16).
Um ano depois
Relativamente ao ano passado, nesta altura, a vantagem benfiquista sobre o Porto é precisamente igual à desvantagem que tinha para os portistas: quatro pontos, também à 14ª ronda.
Como referimos acima, na época passada, o fosso entre os dois primeiros ainda aumentaria para 7 pontos na 15ª jornada (no último jogo de Rui Vitória no Benfica), com os encarnados a serem ultrapassados por Sporting e Braga, mas a recuperação começaria logo na jornada 17 (última da primeira volta), quando o Porto empatou a zero em Alvalade.
Convém ainda lembrar que, no Natal de 2019, o Benfica tinha menos 10 pontos (!) do que tem neste momento, enquanto o Porto estava com mais 1 ponto do que acontece agora. Na liga 2019/20 a equipa de Bruno Lage apenas perdeu 3 pontos (derrota na Luz com o Porto), já o Porto de Sérgio Conceição de 2018/19 tinha cedido 6 pontos nos mesmos 14 encontros.
Por sua vez o atual Sporting soma menos 5 pontos do que na época passada, sendo que o grande perdedor desta primeira parte da liga é mesmo o Braga, que amealhou menos 18 pontos - também por isso passou de 4º classificado para 10º.
Outras quedas importantes sucederam ao Portimonense (menos 8 pontos, de 9º desceu para 16º) e Belenenses (menos 7 pontos, de 6º para 13º).
Desempenhos muito positivos foram os conseguidos por Famalicão (24 pontos para o recém-promovido, 4º da classificação), Tondela (mais 6 pontos do que na época passada, de 14º para 9º) e Boavista (mais 5 pontos, de 13º para 8º).
Em termos individuais, realce absoluto para dois jogadores que voltam a ocupar no Natal os lugares de topo entre os mais influentes do campeonato que detinham no fim da época passada: Pizzi (Benfica) e Bruno Fernandes (Sporting), que apenas trocaram de posição.
Pizzi foi segundo na liga 2018/19 (32 pontos: 13 golos + 19 assistências) e agora é primeiro (18 pontos: 11 golos + 7 assistências). Bruno Fernandes passou de líder (33 pontos: 20 golos + 13 assistências) para perseguidor (13 pontos: 6 golos + 7 assistências).
Destaques ainda para o benfiquista Carlos Vinicius (10 golos + 2 assistências) e para o famalicense Fábio Martins (7 golos + 4 assistências).
Note-se que Pizzi é o melhor marcador do campeonato, logo seguido do seu companheiro de equipa Vinicius. O brasileiro consegue ainda uma marca notável: em média marca a uma cadência de 1 golos a cada 49 minutos, algo que nem Jardel conseguiu nos seus dias de glória.
Também impressionante é a cadência goleadora do melhor substituto do campeonato, Anderson Oliveira (do Famalicão), com um golo a cada 60 minutos, um total de 6 (todos marcados na condição de suplente utilizado).
