Ivana Andrés fez parte do grupo de 15 jogadoras que se recusaram a ser convocadas, depois da conquista do Mundial'2023, até que houvesse mudanças internas na RFEF, na sequência do beijo não consentido do presidente Luis Rubiales a Jenni Hermoso
Corpo do artigo
No mesmo dia em que estreia na Netflix espanhola o documentário “‘#SeAcabó: Diario de las Campeonas” [“#Acabou-se: Diário das Campeãs”], Ivana Andrés, central que venceu o polémico Mundial’2023 feminino, abriu o livro sobre o tema.
Em entrevista ao jornal Marca, a defesa espanhola, de 30 anos, começou por admitir, ainda antes de abordar o beijo não consentido que Luis Rubiales, antigo presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) deu à colega Jenni Hermoso, que gostava que tivesse havido mais “união” no balneário da “Roja” nesse Mundial, ainda que isso não tenha impedido o seu triunfo na final.
“Sempre tive as minhas dúvidas. Logicamente que o objetivo [vencer o Mundial] era esse, mas também era consciente da realidade que vivíamos. Se me tivesse perguntado um ano ou meses antes, via-o como muito difícil, mas uma vez que nos concentrámos, sim, havia sensações para sermos otimistas. À medida que os dias foram passando, vimos o que tínhamos ali, que podíamos, que era real. E conseguimo-lo", começou por comentar.
“Teria gostado que a equipa estivesse mais unida no Mundial. Sempre se disse que as equipas unidas podem ganhar mais, mas a realidade é que nós não estávamos. Não é que batêssemos umas nas outras, mas não era o melhor balneário e ainda assim conseguimos ser campeãs do mundo. Fomos capazes de separar e de lutar realmente pelo nosso sonho e pelo nosso objetivo. Fomos profissionais o suficiente para, dentro de campo, nos treinos e nos jogos, lutar por todas”, destacou.
Já sobre o momento, que envolveu Rubiales e Hermoso, na festa dessa conquista, e que levou ao afastamento do antigo dirigente máximo da RFEF, Andrés apontou que “o que aconteceu à Jenni podia ter acontecido a qualquer jogadora”, condenando: “Estivemos do seu lado, unimo-nos e lutámos juntas. Aconteceu algo muito grave e não podíamos permiti-lo".
Uma luta que envolveu uma recusa de 15 campeãs do mundo, entre as quais a atual central do Inter, depois de ter deixado o Real Madrid no verão passado, em serem convocadas pela seleção até que houvesse mudanças internas na RFEF.
Uma vez que não é convocada desde o ano passado - fez apenas dois jogos após o Mundial – Ivana Andrés foi questionada sobre se foi “assinalada” pela selecionadora Montsé Tomé, mas, apesar de admitir que não voltou a falar com ela desde a sua última chamada, recusou alimentar esse tipo de suspeitas.
“Não sei se assinalada será a palavra, porque ela [selecionadora] terá os seus motivos e argumentos. Acabei a temporada passada, que para mim foi o meu melhor ano, a um grande nível e creio que continuo nessa linha. O meu rendimento está a ser muito bom e remeto-me aos números. Tenho a consciência tranquila. Há muitas jogadoras muito boas e é a selecionadora que decide”, concluiu.