Braga-Benfica: contas a ajustar no feminino e alguma revolta pelas Quinas de Ouro
Braga (campeão) e Benfica (vencedor da Taça) dão o pontapé de saída na época e recriam uma rivalidade que, mesmo com as equipas em divisões diferentes, deu que falar no ano transato.
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Ultrapassado um defeso onde o futebol feminino ocupou um até então inédito espaço mediático, com as transmissões televisivas dos jogos do Mundial de França a baterem todos os recordes, Braga e Benfica dão hoje o pontapé de saída da época 2019/20 com a disputa da Supertaça. Este duelo, para o qual Tondela se vestiu de gala (ver caixa), colocará frente a frente duas equipas que desempenharam o papel de grandes animadoras da última temporada. Vindas do Minho, as campeãs nacionais ainda não esqueceram a forma como viram esfumar-se a dobradinha na temporada passada e vão à procura de "vingar" a eliminação nas meias-finais da última Taça de Portugal frente a uma turma lisboeta que, no seu ano de estreia na modalidade, só perdeu um dos 36 jogos disputados em toda a época, precisamente frente às bracarenses.
Pronto a acomodar-se entre a elite após ter pulverizado a concorrência na II Liga - 27 vitórias, um empate e nenhuma derrota, com 375 golos marcados e apenas um sofrido -, o Benfica terá hoje um primeiro grande teste à sua capacidade de integrar o lote de favoritos à conquista do título nacional. Nomes sonantes como Darlene, Geyse ou Ana Vitória continuam com a águia ao peito e a grande mudança acabou por ocorrer no banco, com Luís Andrade a substituir João Marques no comando técnico de uma formação que vai atacar 2019/20 com sete reforços: a guardiã Dida, a defesa Ana Seiça e as avançadas Lacasse, Raysla, Annaysa, Lúcia Alves e Catarina Amado. Tal como as rivais de Lisboa, o Braga também manteve a sua espinha dorsal - a saída mais sonante foi a de Matilde Fidalgo para o Manchester City - e reforçou-se com a guardiã Hourihan, a defesa Rayane, a média Dolores Silva e a avançada Shade Pratt. A estabilidade minhota acaba por ser total, pois o treinador Miguel Santos transita da época passada.
Minhotas com pedalada de Liga dos Campeões
Ao contrário das benfiquistas, que chegam a este jogo diretas da pré-temporada, as bracarenses já têm "pedalada" de duelos oficiais. Como campeãs nacionais, ganharam o direito a participar na ronda de qualificação da Champions feminina e tiveram um comportamento irrepreensível no Grupo 7: terminaram na liderança após baterem Sturm Graz (2-0), Apollon (1-0) e Rigas (7-0). O Braga tem agora encontro marcado nos 16 avos de final frente ao PSG e vai tentar um inédito apuramento de uma equipa lusa para os "oitavos". A primeira mão frente às parisienses vai disputar-se no próximo dia 12 e a proximidade entre os dois jogos pode condicionar as escolhas de Miguel Santos, que já não pode contar com as lesionadas Jana (entorse no joelho) e Daniuska (problemas musculares) para a disputa da Supertaça. Já Andrade só não pode contar com Adri, também por lesão, e convocou as sub-19 Ana Seiça, Beatriz Cameirão e Lara Pintassilgo.
Outro fator a ter em conta nas opções técnicas são os dois jogos da Seleção Nacional com os EUA. Nessas partidas, o selecionador Francisco Neto deu minutos às bracarenses Vanessa Marques (180"), Dolores Silva (151") e Diana Gomes (90"), e à benfiquista Sílvia Rebelo (180"). Já Raquel Infante (Benfica), Rute Costa, Ágata Pimenta e Inês Maia (todas do Braga) não saíram do banco.
Quinas de Ouro aquecem final
O técnico Miguel Santos e a guarda-redes Rute Costa consideraram que o prémio entregue pela FPF devia ter ido para o Braga, salientando, porém, que não o trocariam pelos dois títulos conquistados na temporada 2018/19
Os dias que antecederam o jogo também foram palco de indignação minhota relativamente aos prémios entregues pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF) na gala Quinas de Ouro, realizada na passada terça-feira em Lisboa. Neste evento, a equipa do Benfica foi eleita como a melhor do ano no universo do futebol feminino através da votação do público e a reação do Braga, atual campeão nacional e vencedor da última Supertaça, não se fez esperar. "Não é que me sinta injustiçado, mas, sinceramente, achava que ia ser o Braga a equipa do ano e fazia sentido que fosse: foi campeão e ganhou a Supertaça. Dos três grandes troféus, ganhou dois, mas temos de respeitar a votação dos sócios e a dimensão do Benfica. Essa situação não apaga em nada a campanha que fizemos na temporada passada", afirmou Miguel Santos, que, em compensação, levou para casa o prémio de Treinador do Ano no futebol feminino.
Presente na conferência de Imprensa de antevisão promovida pelo Braga na passada sexta-feira, Rute Costa desvalorizou a "derrota" para as lisboetas na corrida aos prémios entregues pela FPF e optou por valorizar a "sensacional" temporada em que as minhotas conseguiram romper a hegemonia do Sporting na modalidade: em 2017/18, as leoas tinham conquistado a tripleta. "Acho que não podem existir ressentimentos em relação a esse tema. É preferível ficar com os troféus que o Sporting de Braga conquistou a ser a equipa do ano", atirou a guarda-redes internacional portuguesa.
Receita reverte para associações locais
Determinada a ter casa cheia no Estádio João Cardoso, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) vendeu os bilhetes para a Supertaça a 1 euro e estabeleceu que as receitas serão dirigidas para fins solidários. Estas vão reverter a favor de duas associações do concelho de Tondela - Associação Cultural, Recreativa e Humanitária de Vila Nova da Rainha e Associação de Recreio e Cultura Gândara Unida - que foram atingidas por incêndios entre 2017 e 2018. A verba será utilizada para a edificação de um espaço social destinado às duas associações.
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