"As jogadoras, portistas, sentiram necessidade de dar alguma alegria ao FC Porto"
Daniel Chaves e Cláudia Lima falaram a O JOGO das emoções do título, à margem do feito histórico de terem entregue o troféu ao Museu e assinado o livro do clube como campeões da 3ª Divisão, em ano de estreia do futebol feminino
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Depois de emoções fortes da época, fecho sublime para um pleno de 26 vitórias em 26 jogos na mágica coroação do título, a equipa feminina do FC Porto, acompanhada de toda a estrutura, entrou literalmente para os livros da história dos dragões, assinando no campo sucesso retumbante em ano de estreia da modalidade. André Villas-Boas não poupou nas palavras elogiosas numa breve intervenção feita no museu, onde foi depositada a Taça correspondente ao título nacional da 3ª Divisão, invocada daqui para a frente como um marco inspirador e um fio condutor para mais conquistas, dentro da exigência e ambição que se abraçam aos estímulos mais pessoais.
Daniel Chaves, o timoneiro, reconheceu o calibre dos novos capítulos. "O orgulho eleva a responsabilidade pelo que estamos a construir e pelo futuro que queremos", disse o técnico de 33 anos, não escondendo uma satisfação mais íntima. "Ganhar pelo meu clube do coração torna tudo mais especial. Agora o nível competitivo vai mudar e vamos ter nos adaptar a uma nova realidade. Vamos tratar das bases para o futuro", acrescentou, mostrando carinho pelo grupo no geral, mesmo que algumas sejam, necessariamente, cortadas desta caminhada azul-e-branca.
"Vamos ter de fazer alguns ajustes, tentar trazer uma competitividade maior ao grupo, mas não seremos ingratos a quem cá está. O mérito foi delas e ficaram na história do clube. Foram as primeiras a ganhar. As exigências serão outras, devemos contar com três equipas que desceram na Série Norte da 2ª Divisão. Teremos jogos de dificuldade muito acima ao que estávamos habituados", sublinhou Daniel Chaves, admitindo a simbólica realização numa temporada em que o futebol masculino não ofereceu motivos de maior júbilo. "Sabemos que não apaga nada do que é feito do outro lado, mas acarreta algum sentimento de orgulho. Ouvir essas palavras do presidente gera gratidão. De alguma forma, o nosso plantel também foi constituído por portistas, elas sentem isso, sentiram essa necessidade de dar algum tipo de satisfação ao clube. O fundamental é que este título deixe os adeptos orgulhosos", vincou.
Aspirinas para uma celebração à FC Porto
Cláudia Lima, figura de proa do projeto, capitã de equipa, carregando a experiência de já ter jogado no Valadares e na Seleção, também foi ao encontro da paixão vencedora que caraterizou este arranque arrebatante.
"Este surgimento do FC Porto no feminino foi algo que muita gente queria muito, isso foi notório e foi um projeto que veio para desenvolver a modalidade. Superou e muito as expetativas", disse, justificando. "Sou adepta e sei que temos os melhores adeptos do mundo. Mas daí a 31 mil espetadores, no dia do recorde, ultrapassou completamente as expetativas. Assim com as 26 vitórias em 26 jogos", relevou, espreitando as dificuldades que se aproximam, mas que não inibir aspiração de nova subida. "Agora vamos ter um campeonato mais competitivo, mas estamos prontas para trabalhar e honrar a campanha", sustentou Cláudia Lima, respondendo à provocação do presidente que talvez fosse profilática uma aspirina para conter os perigos dos excessos no autocarro. "Teve a sua razão mas estamos aqui, estamos todas bem e prontas para mais. Temos aqui mais uma celebração, há que festejar à FC Porto", resumiu.