Ana Dias, de Portugal até à Rússia: "Pode ser o momento perfeito para dar o grande salto"
Celebra-se esta segunda-feira o dia Internacional da Mulher e nada melhor do que mostrar a garra e persistência que estas podem ter.
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A atleta Ana Dias é um exemplo de que os sonhos são capazes de mover montanhas e, até mesmo, atravessar a Europa. Aos 23 anos, a avançada portuguesa assinou contrato profissional pelo Zenit, na Rússia, depois de uma curta passagem pelo Amora, na Liga BPI, onde marcou seis golos em nove jogos.
Na carreira, a dianteira começou no Vaguense e depois passou pelo Cadima, A-dos-Francos, Condeixa - onde fez 40 golos em 17 jogos -, e recentemente o Amora. Um salto da Liga BPI para o mundo, onde a valorização da evolução do feminino tem sido notória.
A ambição de chegar à equipa principal da Seleção Nacional faz parte dos objetivos, numa fase de mudança em que o frio, a língua e as saudades da família são os principais entraves.
Aos 23 anos, uma mudança para a Rússia. Como é que está a viver esta primeira experiência internacional?
-Apesar da envolvência emocional estou a conseguir ajustar-me o mais possível à normalidade.
Quais é que são as maiores dificuldades?
-Estar longe da minha família é sempre difícil, mas eles são o meu alicerce e sem o apoio deles nada disto seria possível. Está a ser uma aventura criar novas rotinas e sair da zona de conforto.
O frio e a língua são dois grandes problemas?
-As barreiras da língua e o clima são as principais dificuldades, a língua não é propriamente fácil e o clima é rigorosamente frio. Depois há também a diversidade da cultura, por estar a conviver com pessoas totalmente diferentes, de outro país. Mas claro, a distância por estar longe dos meus, esse sim é o verdadeiro desafio.
Acredita que este é um passo importante para conseguir cimentar a carreira?
-Sem dúvida, é uma oportunidade que acrescenta na minha evolução e afirmação, sinto que pode ser o momento perfeito para dar o grande salto na minha carreira enquanto profissional de futebol.
As oportunidades no estrangeiro continuam a ser mais aliciantes do que em Portugal?
-Sim, qualquer atleta visa um pouco ter outras experiências onde possam espreitar a sua evolução e o estrangeiro é um mercado que tem estrutura para responder a essa possível evolução.
Viver do futebol sempre foi o grande objetivo?
-O futebol sempre foi uma paixão e se poder desfrutar dessa forma é claro que sim.
Voltando agora à carreira, como é que tudo começou?
-Começou como uma brincadeira, porque na altura jogava voleibol, mas depois não foi possível prosseguir devido à incompatibilidade das atletas, que seguiram outros caminhos. E eu, para manter a minha performance física, ingressei no clube da terra, o Vaguense. E a partir desse momento foi sempre em ascensão e no ano a seguir já estava a jogar a Liga BPI pelo Cadima.
Em que fase percebeu que o futebol seria uma escolha para o futuro?
A partir do momento que representei as sub-19 por Portugal, aí começou o gosto por querer mais e atingir novos patamares.
Passou por alguns emblemas, há algum que mereça um destaque especial?
-Todos eles. Porque sempre me acarinharam, receberam e incentivaram-me a ser melhor, referindo sempre o meu potencial, contudo uns destacam-se pelo carinho e pela amizade e outros pelo profissionalismo e incentivo.
Sente que o Amora, o seu último clube, foi uma boa rampa de lançamento?
-Sim. O Amora foi o clube com o qual assinei o meu primeiro contrato profissional e estou muita grata por essa oportunidade. E fica a admiração e um carinho especial por eles.
Para o futuro, ambiciona uma oportunidade na Seleção Nacional?
-Penso que é o objetivo de qualquer jogadora representar o seu país. É uma possibilidade que me deixaria muito honrada.
Como celebramos hoje o dia da mulher, em algum momento viu o género como um entrave no futebol?
-Não, antes pelo contrário, sempre fui muito apoiada e acarinhada. A minha realidade como pessoa esteve sempre integrada no desporto, por isso, em momento algum senti qualquer tipo de preconceito ou motivos para desistir do meu sonho.
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