Verónica khudyakova, com apenas 18 anos, vive o sonho de vestir a camisola do FC Porto, o clube do coração
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Dos primeiros chutos numa bola na sala de jantar ao estatuto de melhor marcadora do FC Porto, com 31 golos em apenas 12 jogos, Verónica Khudyakova está a viver o sonho de muitos. Aos 18 anos, a avançado brilha com a camisola azul e branca na recém-criada equipa feminina e é uma peça fundamental na caminhada imaculada com destino marcado na Liga BPI. Com uma mistura de humildade e ambição, Verónica sentou-se com O JOGO para partilhar a paixão pelo futebol, o salto do Boavista para o FC Porto e o que significa, para ela, vestir o emblema do clube do coração.
Como é que uma criança de 4 anos descobre o prazer de chutar uma bola na sala e transforma isso num sonho de vida?
-Adorava chutar a bola na sala de jantar. Antes de me dedicar ao futebol, experimentei várias atividades: comecei na natação, passei pelo ballet, explorei kizomba e até tive uma fase em que aprendi a tocar guitarra. Mas foi por volta dos 6 anos que tudo mudou e pedi à minha mãe para me inscrever no Dragon Force de Ermesinde. A partir desse momento, percebi que o futebol era a minha paixão.
Antes de se juntar ao FC Porto esta época, passou muitos anos no Boavista. Sentiu que estava preparada para este grande desafio?
-Estive no clube desde 2017, uma decisão influenciada pelo meu avô, que sempre soube reconhecer o Boavista como uma referência na formação do futebol feminino. Durante esse período, tive a sorte de ser acompanhada por excelentes treinadores. Os conselhos da Alfredina Silva, aliados ao apoio incondicional da minha mãe, ajudaram-me a crescer e a estar pronta para este salto na carreira.
Quando ouviu falar que o FC Porto ia criar uma equipa de futebol feminino, sonhava com a possibilidade de vestir a camisola do clube?
-Disse logo ao meu agente. Tinhamuitos clubes interessados em mim, desde a III Liga até à Liga BPI, mas a minha prioridade sempre foi o FC Porto. Um dia, enquanto estava a almoçar, recebi um telefonema de um dirigente do clube. Naquele momento, soube que o meu sonho estava prestes a concretizar-se.
E a felicidade que menciona ao dar este passo reflete-se no desempenho em campo. A Verónica soma 31 golos em apenas 12 jogos.
-Esses 31 golos são o resultado do trabalho em equipa, porque, no futebol, o trabalho coletivo é fundamental - ninguém ganha jogos sozinho. É preciso juntar esforço, algum talento e, claro, um pouco de sorte.
O FC Porto apresenta números impressionantes no campeonato: dez vitórias em dez jogos, 134 golos marcados e apenas 4 sofridos. O que torna este grupo tão especial?
-Somos um grupo muito unido e os resultados são o reflexo disso. Sabemos que a chave para atingirmos o nosso objetivo principal, a subida de divisão, é a nossa união. Trabalhamos todos os dias com esse foco. Sinto que cada vez estamos mais sincronizadas. Queremos e faremos de tudo para levar o FC Porto até à Liga BPI o mais rápido possível.
Dezoito anos, no clube do coração e a brilhar. Está a viver um grande momento. Porém, como consegue equilibrar o sucesso no futebol com a vida pessoal?
-Deve-se muito à minha mãe, que é um verdadeiro pilar. Ela é muito exigente e, claro, uma ‘mãe galinha’. Está sempre a falar-me sobre os desafios da vida, lembrando-me que as pedras no caminho são muitas, mas também superáveis. Para mim, é essencial ser muito disciplinada na vida pessoal, porque só assim consigo rentabilizar o meu desempenho profissional. Sei bem o que trabalhei para chegar até aqui.
Tem alguma referência no futebol que a motive e inspire?
-Sim, a Kika Nazareth. Admiro muito a forma como ela joga, a criatividade, inteligência em campo e a confiança que transmite com a bola nos pés. É uma inspiração não só pelo talento, mas também pelo trabalho, humildade e determinação que demonstra. É incrível ver o impacto que tem no futebol feminino e como está a abrir portas para tantas de nós sonharmos mais alto. Espero, um dia, conseguir seguir os seus passos e deixar a minha marca no futebol, tal como ela está a fazer.
Onde se vê no futuro?
-Não costumo fazer esse tipo de projeções. O meu foco, neste momento, está em conquistar tudo aqui no FC Porto, levar a equipa à Liga BPI e, depois, pensarei no que será melhor para mim e para o clube do meu coração. Até posso continuar aqui por muito tempo, nunca se sabe. O futuro dirá.
Pensa na Seleção Nacional?
-É um objetivo que tenho, mas estou totalmente focada no FC Porto. Sei que os selecionadores estão atentos e a minha missão é continuar a trabalhar no clube para me tornar uma opção. Não tenho pressa, acredito que o caminho se faz caminhando.