A avançado Huynh Nhu é a melhor marcadora de sempre da seleção vietnamita e chegou esta época ao Länk Vilaverdense. Em entrevista exclusiva a O JOGO, Huynh fala acerca da sua nova aventura.
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Um sonho tornado realidade. Chegou, impactou e mostrou. Distinguida por quatro ocasiões como Bola de Ouro do Vietname, Huynh Nhu, avançado de 31 anos, é a melhor marcadora de sempre daquela seleção asiática e é a primeira do seu país a aventurar-se no futebol europeu. Após tempos áureos no Ho Chin Min City, emblema vietnamita, o talento de Huynh procura agora refinar a Europa, Portugal e o Länk Vilaverdense. A figura da nação asiática conversou em exclusivo com O JOGO - com a ajuda de um tradutor, pois claro - e falou sobre o seu percurso, da adaptação a Portugal e ao futebol português, e perspetivou ainda a prestação da seleção das Quinas no play-off de apuramento para o Campeonato do Mundo de 2023.
Como começa a história da melhor jogadora e marcadora do Vietname?
-Comecei a jogar futebol aos cinco anos e a paixão surgiu dos meus pais. A minha mãe adora ver futebol e o meu pai foi jogador e ensinou-me tudo o que sei hoje. Eles investiram muito tempo em mim e sempre me apoiaram ao longo da minha carreira. No início, não havia meninas a jogar futebol, então, na altura, jogava com os rapazes. Fui capitã de uma equipa de sub-9, ganhei um torneio e sagrei-me a melhor marcadora (masculino e feminino). Foi como tudo começou.
A Huynh fez história e é a primeira vietnamita a atuar no futebol europeu. Sente que este grande passo e o seu percurso tem influenciado as jogadoras do seu país a seguirem os seus desejos?
-Espero que o meu percurso incentive mais jogadores e principalmente jogadoras a lutarem pelos sonhos. Espero que mais vietnamitas arrisquem e que venham para a Europa. Quero estimular os jovens a mudarem-se cedo, de modo a desenvolverem-se melhor e mais rápido, para posteriormente alcançarmos o sucesso no país e, claro, termos equipas e seleções mais fortes.
"Espero que o meu percurso incentive mais jogadoras a lutarem pelos sonhos. Espero que mais vietnamitas arrisquem vir para cá"
Como surgiu a oportunidade de vir para a Europa e para Portugal?
-Conheci o Länk Vilaverdense através do meu agente e, depois pensar muito e pesquisar sobre o clube e sobre a Liga BPI, fiquei muito interessada em dar o salto e atuar neste campeonato. O projeto agradou-me e, por isso, decidi arriscar e abraçar esta aventura. Estou muito feliz, pois sinto que fiz a escolha certa.
É a sua primeira experiência fora do seu país. Como está a ser a adaptação a uma nova realidade e ao novo país?
-Os portugueses são muito simpáticos e atenciosos. O staff do Länk Vilaverdense recebeu-me muito bem e ajudou-me bastante na adaptação. Quando trabalhámos com pessoas boas e dedicadas, só tenho de me sentir feliz e confortável. As minhas colegas e toda a gente neste clube estão prontos e dispostos a ajudar, o que fez com que ultrapassasse algumas dificuldades no início desta caminhada.
"Comecei a jogar com cinco anos e a paixão surgiu dos meus pais. Apoiaram-me sempre"
O que mais aprecia em Portugal?
-Gosto muito da comida portuguesa. Desde que cheguei, tenho saboreado inúmeras comidas e confesso que estou a ficar apaixonada pela gastronomia portuguesa. É tudo muito bom.
A Huynh parece estar confortável e tem exibido a sua veia goleadora. Esta época, soma seis golos e duas assistências em 14 jogos disputados. Sempre foi uma jogadora com faro para o golo ou foi algo aprimorado ao longo ao tempo?
-Quando comecei a jogar futebol, já jogava a avançado e fazia muitos golos. Ao longo da minha carreira, graças a todas as minhas colegas e treinadores, felizmente consegui marcar muitos golos e atingir boas marcas, todavia, há sempre espaço para uma jogadora melhorar e crescer, principalmente quando experienciámos um ambiente e um campeonato novo.
Tem alguma superstição ou ritual antes de pisar o relvado?
-Acho que cada atleta tem a sua fé e a sua confiança. Não sou exceção disso, mas prefiro guardar para mim. Pode ser que partilhe quando me reformar.
Fale-nos um pouco acerca da realidade do futebol vietnamita...
-Noto que há diferenças entre o futebol masculino e feminino do Vietname. Nos últimos anos, houve um crescimento acentuado, mas ainda há muito para fazer e um longo caminho a percorrer. Espero que possamos chegar no meu país ao estatuto de que goza o futebol profissional feminino em Portugal.
Quais as principais diferenças e semelhanças que a Huynh encontra no futebol vietnamita e português?
-Neste momento, o sistema profissional da liga de futebol feminino do Vietname, tal como a qualidade dos clubes, não estão no patamar de Portugal. Em termos de dirigentes e instalações de treino, não somos tão bons e também não estamos tão evoluídos. No que toca ao estilo de jogo e futebol, não vejo grandes diferenças entre os campeonatos. O futebol feminino português está muito bem desenvolvido, fruto de investimento feito ao longo dos últimos anos. Estou espantada com tudo o que tenho visto.
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