O campeonato entra este fim de semana no seu último terço, disputando-se a jornada 22, antecedida por compromissos europeus para os 4 primeiros da classificação, com o foco centrado em Barcelos, onde um Benfica em perda não pode ceder mais pontos
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Apesar das críticas que se possam fazer à liga portuguesa, uma coisa é certa: nos últimos 10 anos só por uma vez chegamos à 22ª jornada com uma diferença superior a 5 pontos entre os dois primeiros. Aconteceu em 2010/11, quando o Porto de Villas-Boas tinha 8 pontos de avanço sobre o Benfica de Jorge Jesus.
Na maioria dos casos (6), a vantagem do primeiro para o segundo era mesmo recuperável numa só jornada, o que atesta bem do interesse que tem envolvido a luta pelo título no campeonato português, no seu último terço, em tempos recentes.
Por exemplo na época passada, à entrada da jornada 22, o Porto tinha um ponto de avanço sobre o Benfica, sendo que na liga atual a diferença é a mesma e apenas se invertem as posições das duas equipas.
Sporting - Boavista (domingo, 17.30)
O Sporting entra no último terço do campeonato na 4ª posição, embora a somente um ponto do 3º, o Braga. No entanto, os leões têm igualmente só 3 pontos de avanço para Famalicão e Rio Ave (5º e 6º classificados, respetivamente).
Desde o início do ano civil de 2020, os comandados de Silas já perderam 11 pontos em 7 jogos, com 3 derrotas e 1 empate. No mesmo período, que corresponde à chegada de Rúben Amorim a Braga, os minhotos alcançaram 6 vitórias e 1 empate, ganhando 9 pontos ao Sporting.
Aliás, vale a pena dizer que, no que diz respeito apenas a 2020, o Braga é a equipa com mais pontos conquistados: 19, mais 1 do que o Porto e mais 4 do que o Benfica.
No campeonato, em termos de pontos conquistados, este é o pior Sporting desde a terrível época 2012/13 (7º lugar final). Tem agora 36 pontos, mas em 2012/13 após a jornada 21 conquistara apenas 23 pontos.
Apesar deste péssimo registo atual, é um facto que na época passada, por esta altura, os leões também estavam em quarto, igualmente atrás do Braga, e a diferença era bem maior (42 contra 49 pontos), sendo que os lisboetas acabaram por alcançar a terceira posição final.
Em casa, os leões já perderam mais jogos do que fora (4 contra 3), mas é verdade que receberam Benfica e Porto. Aliás, as quatro derrotas caseiras aconteceram perante equipas que estão nos 6 primeiros lugares da classificação (Benfica, Porto, Famalicão e Rio Ave): dos primeiros só o Braga não ganhou em Alvalade (derrota, 1-2).
O Sporting recebe agora o 9º classificado, o Boavista, que venceu 3 dos últimos 4 jogos realizados. Os axadrezados têm melhor registo enquanto visitantes: 15 pontos conquistados fora de casa em 10 jogos, com 4 vitórias, 3 empates e 3 derrotas. Têm também mostrado ser uma equipa consistente em termos defensivos quando joga fora: é a segunda melhor defesa nesta condição (7 golos sofridos, apenas mais 1 do que o líder Benfica, que só perdeu 1 vez como visitante).
A favor do Sporting está a história: nas últimas 10 receções ao Boavista, conseguiu 10 triunfos, e só por uma vez em toda a história da liga portuguesa perdeu em casa com os portuenses (em 1976, quando o Boavista ficou no segundo lugar do campeonato, após luta apertada com o Benfica).
PROBABILIDADES NR: Sporting 70% / empate 20% / Boavista 10%
Porto - Portimonense (domingo, 20.30)
Também o confronto histórico entre Porto e Portimonense no reduto portista é marcado pelo desequilíbrio, embora neste caso os números sejam ainda mais impressionantes, uma vez que os algarvios perderam sempre - 19 jogos, 19 derrotas, tendo sofrido 68 golos e marcado apenas 9.
O Porto está mais moralizado do que nunca na luta pelo título, depois de ter recuperado 6 dos 7 pontos que há duas jornadas tinha de atraso para o Benfica, e vê nesta jornada a possibilidade de passar mesmo os encarnados, que jogam fora, em Barcelos.
Olhando para os últimos 10 anos, o Porto conseguiu ultrapassar por 2 vezes o adversário direto na luta pelo título (sempre o Benfica) após ter estado em segundo lugar no último terço - sucedeu no que ficaria conhecido como o campeonato do Kelvin, em 2012/13, e na primeira temporada de Sérgio Conceição como treinador do Porto (2017/18), embora neste caso o Porto tenha chegado à 22ª jornada com 5 pontos de avanço sobre Benfica e Sporting.
O Portimonense parece ser o adversário ideal para uma semana muito preenchida para os dragões, devido à eliminatória da Liga Europa, com o Bayer Leverkusen. A equipa de Portimão é penúltima da classificação e a pior da liga nos tempos mais recentes: 3 derrotas nos últimos 4 jogos; não ganha há 8 jornadas e só venceu 1 encontro nas últimas 18 rondas.
Além disso, os algarvios são o 2º pior ataque do campeonato (15 golos), e só Aves e Paços de Ferreira têm pior registo enquanto visitantes. Nesta condição, o Portimonense possui também a 3ª pior defesa (18 golos sofridos) e o 3º pior ataque (7 golos marcados).
Veremos se a equipa agora orientada pelo experiente Paulo Sérgio consegue explorar algumas dificuldades defensivas recentes do Porto, que sofreu 9 golos nos últimos 7 jogos de campeonato (antes disso, sofrera apenas 6 em 14 partidas). E mesmo em casa, os portistas permitiram golos nos últimos 3 encontros (um total de 5), depois de estarem 7 encontros (os primeiros 7 da liga em casa) sem conceder um único tento.
Deve dizer-se que esta maior fragilidade defensiva parece estar relacionada com a ausência de Pepe, uma vez que nos referidos últimos 7 jogos de campeonato, o brasileiro apenas disputou 2, sendo substituído (por lesão) em ambos.
PROBABILIDADES NR: Porto 82% / empate 14% / Portimonense 4%
Gil Vicente - Benfica (segunda, 19.30)
Em Barcelos, o Benfica enfrenta um forte desafio anímico, depois de perder 6 dos 7 pontos que tinha de vantagem para o Porto em apenas 2 jornadas. Ainda mais penosa é a situação se tivermos em conta que foram mais os pontos perdidos nestas 2 rondas do que nos anteriores 37 jogos de campeonato realizados pela equipa no consulado de Bruno Lage: em 111 pontos disputados o Benfica conquistara 106, ou seja apenas perdera 5.
Ao desafio anímico junta-se o desgaste físico que implicará a viagem e o jogo na Ucrânia, com o Shakhtar, pelo que há grande expectativa para este Gil Vicente-Benfica. Ainda para mais os gilistas já conseguiram vencer os outros dois grandes na sua casa a contar para o presente campeonato (2-1 ao Porto e 3-1 ao Sporting).
A equipa comandada por Vítor Oliveira só tem uma derrota na condição de visitado, tal como o Porto, embora por números surpreendentes (1-5 com o Moreirense), somando 4 vitórias e 5 empates em Barcelos. Se excetuarmos o jogo com o Moreirense, o Gil sofre poucos golos em casa, tendo terminado 4 dos 10 jogos realizados em casa sem sofrer golos.
A recente falta de consistência defensiva é um dos problemas atuais do Benfica, que tem vindo a sofrer golos em todos os jogos: no campeonato concedeu 6 nos últimos 3 encontros, exatamente os mesmos 6 que sofrera nos 18 encontros anteriores da liga.
Igualmente preocupante na derrota caseira com o Braga na jornada passada foi a falta de eficácia ofensiva, que até agora fora a outra arma fundamental dos encarnados no campeonato (aproveitamento próximo dos 50% das ocasiões claras de golo), com destaque para o pouco habitual desperdício goleador de Carlos Vinicius, que em 3 ocasiões não marcou qualquer golo frente aos bracarenses. Vinicius que, em termos médios, costuma ter um aproveitamento na casa dos 70%.
Finalmente, há que registar o facto do Benfica apenas ter ganho metade dos últimos 6 jogos em Barcelos para o campeonato (3 vitórias e 3 empates). Nos últimos dez jogos (os do século XXI) o registo encarnado em Barcelos é o seguinte: 6 triunfos, 3 empates e 1 derrota (em 2000/01).
PROBABILIDADES NR: Gil Vicente 10% / empate 15% / Benfica 75%
