Ricardo Varatojo, reconhecido especialista em lesões desportivas, acredita que o extremo só poderá jogar dentro de quatro meses, mas ratifica procedimento cirúrgico escolhido
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Lesionou-se no final de outubro frente ao Casa Pia e, por coincidência, até pode voltar aos relvados frente ao mesmo adversário, em meados de... março. Ricardo Varatojo, grande especialista nacional em cirurgia desportiva, ratifica o tipo de tratamento a que foi submetido David Neres, anteontem operado em França para reparação de lesão no menisco interno do joelho esquerdo, e vaticina que esteja a correr no máximo dentro de três meses, mas para ser opção para Roger Schmidt a espera terá de ser de quatro meses e dependendo da recuperação.
Técnica de sutura do menisco usada pelo cirurgião francês que salvou a carreira de Ibrahimovic dá garantias ao jogador de que poderá estender a sua carreira até, pelo menos, aos 36 anos.
Contactado por O JOGO, o cirurgião explicou que “quando se rompe o menisco, o amortecedor de carga que há no joelho, há fragmentos que ficam entalados entre o fémur e a tíbia e é isso que afeta a atividade desportiva”, admitindo que, como foi o caso do brasileiro, “os atletas mais estoicos conseguem jogar algum tempo com uma rotura de menisco, mas começam a perder nível competitivo porque têm dor, incha o joelho e coxeiam”.
Identificado o motivo da cirurgia, faltava depois optar pelo corte ou reparação do menisco. Pela primeira opção, “sabe-se que a médio prazo, se o Neres tem agora 26 anos provavelmente aos 40 poderia desenvolver uma artrose, como acontecia com a maioria dos jogadores profissionais, uma situação que depois cria conflitos com as companhias de seguros”. “Por se saber isto tudo, nos últimos anos começou a fazer-se a sutura do menisco. Em vez de tirar, tenta-se dar uns pontos para manter o menisco no sítio”, explicou.
Pela relação próxima que tem com Bertrand Sonnery-Cottet, o cirurgião francês que salvou a carreira de Ibrahimovic e operou outras celebridades do futebol, Varatojo aposta na segunda alternativa, que tem prós e contras. “Reparar o menisco tem todas as vantagens do ponto de vista de futura função da articulação, mas tem a desvantagem de obrigar a um tempo de paragem mais longo. Se tirarmos menisco, o atleta entre um a dois meses está a jogar, se for reparado o menisco, o atleta irá parar de três a cinco meses”, referiu, recordando que “os atletas já sabem que reparando têm joelho para o resto da vida”. “Desta forma, Neres poderá ter joelho para mais dez anos de carreira.”
Os prazos dependem “da sutura que foi feita e da biologia”. “Pode começar a correr por volta dos três meses. Não acredito que em menos de quatro meses esteja no relvado a competir. Só arriscando, mas Sonnery-Cottet não se mete nessas aventuras”, acrescentou Ricardo Varatojo.