2051: odisseia no desporto

José Manuel Ribeiro

O mundo encolhe, as provas internacionais ameaçam as nacionais, a tecnologia e a inteligência artificial assumem o controlo, os genes de Messi e Ronaldo estão ao alcance da mão, a televisão explode. Espreite o futuro connosco

Será um mundo em que tenderemos a ser adeptos de superequipas e superatletas internacionais, com as implicações que isso poder ter no encarquilhamento dos nossos campeonatos e clubes. Os avanços da ciência trarão com eles a tentação da manipulação genética e o risco de um novo tipo de segregação, que ameaça excluir o banal ser humano extralaboratório. Em troca, dar-nos-ão a possibilidade de assistirmos ao desporto quase na pele dos intérpretes; de vermos e sentirmos o que eles sentem, em locais e plataformas ainda por inventar.

Outros conceitos, entretanto, já vão avançando, como o da prevalência do cérebro sobre o músculo: treinar o primeiro melhora o segundo. Para o restante, seremos invadidos pelas mil e uma aplicações da inteligência artificial. Os treinadores duvidam que alguma vez seja possível substituir a criatividade humana no controlo de equipas e atletas; os engenheiros admitem que, no futuro, as competições possam até ser arbitradas por um algoritmo aos comandos de um exército de câmaras e sensores. Por agora, os computadores já fazem bem mais do que imaginamos e podem destacar-se rapidamente nalguns campos, como o da medicina. Vem aí a monitorização permanente do corpo humano.

E tudo isto roça apenas a superfície. Abaixo da realidade estão o virtual e o futuro dos jogos eletrónicos, que tenderão a confundir-se cada vez mais com o desporto de carne e osso, eventualmente até ser possível fundi-los num só, quem sabe? Ao mesmo tempo, a tecnologia abrirá - já está a abrir - as possibilidades de um batalhão de novas modalidades, algumas delas dispensando já qualquer intervenção humana. Ao longo dos próximos dias, entrelaçadas nas notícias da atualidade, 11 reportagens e entrevistas ajudam-nos a tentar entender o que está para vir.