No âmbito da presidência croata da União Europeia (UE), os governantes que tutelam o Desporto discutem, esta terça-feira, medidas para salvar a indústria que, como tantas outras, paralisou com a covid-19
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A UE está disposta a ajudar o setor do desporto a recuperar do impacto brutal da pandemia de covid-19 numa indústria cujo peso não passa despercebido na economia dos estados membros.
Isso mesmo é referido no documento que serve de suporte à reunião informal que, esta terça-feira, juntará através de videoconferência os ministros do Desporto - no caso de Portugal, sob tutela do ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, com a respetiva secretaria de Estado atribuída a João Paulo Rebelo -, alertados para a necessidade de "estabelecer um rápido e adequado apoio e um plano de ação claro" para o setor, designadamente, através de verbas dos Fundos Europeus Estruturais e de Desenvolvimento, como alguns países estão a ponderar, mas também no contexto das iniciativas europeias para apoiar a economia face à paralisação provocada pelo surto.
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A preocupação UE assenta em dois pilares. A importância da atividade física na saúde e no bem-estar das populações e os valores gerados por um "importante setor económico", cujo "peso nas economias nacionais" é "comparável à agricultura, exploração florestal e pesca combinadas". Essa "força económica e social", sublinha-se, "não deve ser subestimada" e os organizadores da reunião recordam "estudos" segundo os quais o "PIB relacionado com o desporto foi de 279.7 biliões de euros". "Isto equivale e 2,12 por cento do PIB total na UE. Cada 47.º euro é gerado por este setor", especifica-se. O emprego gerado inclui "5,67 milhões de pessoas", o que "equivale a 2,72 por cento do total do emprego na UE". Em cada 37 empregos, um está relacionado com esta área, que supera a média das atividades económicas na utilização de bens intermediários, o que significa que "gera importantes receitas noutras indústrias".
Com estes números como fundo, bem como os do desemprego e de layoff que já ilustram a crise, "os governos devem ter um interesse especial em proteger os empregos no desporto como indústria com forte impacto económico em termos de emprego e de PIB", defende a UE. No capítulo das soluções para discussão está o alívio da carga fiscal para os promotores de atividades desportivas, bem como o estímulo de programas de inovação ao nível da modernização industrial.
O número de empregos gerados pelo desporto na união europeia é de 5,67 milhões, muitos deles em risco devido à pandemia
"Garantir empréstimos para assegurar a liquidez dos clubes e outras associações através de instrumentos financeiros da UE já existentes (por exemplo, o Banco Europeu de investimento) ou de instrumentos recém-criados como resposta a esta crise" é outro dos tópicos em discussão, para tratar de evitar o colapso do setor, para o qual se admite "redirecionar certos linhas de crédito" nacionais e europeias, "designadamente, dos Fundos Europeus Estruturais e de Desenvolvimento" para "ações de promoção do bem estar dos cidadãos através da prática desportiva". Ativar "fundos de solidariedade públicos e privados para os clubes e associações de formação e respetivos trabalhadores, incluindo os freelancers", e "ajudar escolas e professores de educação física a continuar a treinar os alunos através de plataformas digitais", seja através de "financiamento, orientações, manuais de boas práticas" ou "concessões no preço da internet" são outras medidas avançadas, com o setor em suspenso à espera de uma tábua de salvação.
Pequenos clubes preocupam
A área da formação é considerada a "mais afetada" pelos reflexos da pandemia na sociedade, seja pela paralisação total da atividade como pela perda das escassas receitas fixas de quotização e afins, com impacto no rendimento dos profissionais a quem é confiada a preparação dos mais jovens. Além da realidade dos pequenos clubes que "trabalham em condições precárias, que vivem da paixão dos voluntários", a UE inclui na abordagem todas a atividades económicas associadas ao desporto, que, por esta altura, reclamam novos modelos de negócio.