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Sem sofismas: a entrevista de Pinto da Costa foi mais interessante do que a de Luís Filipe Vieira. Mérito, em parte, do entrevistador: Judite de Sousa esteve melhor do que Miguel Sousa Tavares. Para dançar um tango, já se sabe, são precisos dois. Ora, embora Judite tenha chegado a brindar o entrevistado com o paternalismo delicodoce que às vezes se dedica aos idosos, foi sempre veemente nas questões importantes. Pelo contrário, Sousa Tavares voltou a ter dificuldades em despir a pele de comentador - e a sua entrevista cedo resvalou para o tom de conversa de circunstância entre dois adeptos de futebol, embora de clubes rivais.
E, no entanto, a experiência de Pinto da Costa foi igualmente essencial. Comparando as poses, talvez se possa dizer que o presidente do Benfica se comportou como o pugilista detentor do cinto, esperando os golpes do adversário, enquanto o presidente do FC Porto fez o papel do candidato, esmurrando à esquerda e à direita, errando alguns golpes e acertando outros tantos. No fim, porém, Pinto da Costa sacou de uma manchete: a recandidatura à presidência. Já Vieira não levava outra coisa na manga senão a intenção de renegociar direitos de TV. Naturalmente, Pinto da Costa fez melhor televisão. Não era isso o mais importante?