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A tentação de politizar tudo e mais alguma coisa há-de ver apenas, nos elogios de Jesus a Luisão, uma tentativa de reatar a ligação entre o central e os adeptos, que decidiram castigar-lhe os ouvidos ontem à noite pelas palavras ingratas do início da semana. Mas, na génese, o treinador do Benfica só pode ser acusado de exagerar o que foi claro: sem a chegada do brasileiro, em cima da hora, aquele futebol irremediavelmente optimista da equipa (Jesus disse ontem que quer acabar com isso) estava sujeito a surpresas desagradáveis. A verdade é que, há seis dias, três dos quatro elementos da defesa ainda não tinham trabalhado com o grupo e o quarto, Rúben Amorim, fazia treino específico. Foi um sector construído em contra-relógio e violando todas as normas de segurança, que teriam passado definitivamente os limites caso fosse Maxi Pereira o escolhido para jogar de início, na direita. Uma viagem intercontinental no próprio dia do jogo não é o que o médico costuma recomendar, mas Jesus lá se desenrascou construindo um lateral a partir de dois "meios". Pode ter parecido simples. Estabilizados os reforços do ataque, já com algumas semanas de ensaio, a vocação principal do Benfica não estava em causa. Só que um golo sofrido bastaria para comprometer o jogo e a época. Isto enquanto, como se não fosse nada de mais, a defesa era construída da maneira mais louca de sempre. Um ponto para Jesus.