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"Ainda acredito que o melhor está para chegar: tenho 32 anos e muito pela frente". Xavier Tondo partiu com ambição para a época 2011 mas não chegou sequer a meio da corrida. Um bizarro acidente doméstico - terá ficado entalado entre a sua viatura e o portão da garagem que o guardava - ceifou ontem, pela manhã, a vida ao catalão de olhos azuis que, em 2007, surpreendeu os portugueses com a vitória na Volta a Portugal.
O acidente ocorreu em Sierra Nevada quando treinava, em estágio de altitude, para a próxima edição da Volta a França onde, provavelmente, seria um dos líderes da Movistar. No espaço de duas semanas, a família do ciclismo enlutou-se duas vezes: primeiro com o trágico acidente do belga Wouter Weylandt no decorrer da Volta a Itália e, depois, ontem, num acidente que custou a vida de um dos "sorridentes" do pelotão. A Movistar, entretanto, anunciou que irá continuar a correr na Volta a Itália, prova que hoje o homenageia com um minuto de silêncio à partida.
O percurso de Xavier Tondo como ciclista está intimamente ligado a Portugal. Primeiro como estagiário na Barbot-Gaia para a Volta a Portugal e a segunda metade da época. A sua actuação não convenceu a formação gaiense que o libertou para a modesta MIR Espanhola com a qual, para surpresa geral, conquistou a Volta ao Alentejo 2005 emulando um dos seus ídolos, o espanhol Miguel Indurain, também ele consagrado na "Alentejana". De regresso a Espanha bastou-lhe uma época para Manuel Zeferino o convidar para a LA-MSS. Foi um ano de aprendizagem - "com Zeferino aprendi a ser ciclista" disse, na altura - que lhe bastou para conquistar no ano seguinte a Volta a Portugal. Extinta a LA-MSS, e após um ano na modesta Andalucia, Tondo assinou pela Cervélo, antes de se transferir este ano para a gigante Movistar. "Comecei a gostar de ciclismo graças a figuras como Perico [Pedro Delgado] e [Miguel] Indurain e, no próximo ano, estarei finalmente na mesma equipa que eles representaram. Às vezes, os sonhos tornam-se realidade", disse o catalão no começo do ano.