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Se dúvidas ainda subsistissem quanto à capacidade do Braga para ser elevado a quarto grande do futebol português, esta época elas ficaram totalmente dissipadas. As provas foram conseguidas em definitivo nas competições europeias, nas quais o emblema minhoto realizou um percurso notável que começou com o sonho de entrar na fase de grupos da Liga dos Campeões e terminou na final da Liga Europa, em Dublin. Pelo meio, os arsenalistas foram forçados a ultrapassar um conjunto de problemas, da falta de jogadores do plantel principal ao improviso de defesas - Vandinho chegou a ser central e Paulo César lateral-direito contra o Dínamo de Kiev -, passando pelas adversas condições climatéricas em que tiveram de jogar (neve e temperaturas negativas em Poznan). Por tudo isto, a campanha de 2010/11 será lembrada por muitos e muitos anos e servirá como termo de comparação até que, no mínimo, outra equipa a consiga igualar, uma vez que fazer melhor significa vencer um troféu. Esse, de resto, acabou por ser o único senão desta época histórica, já que o clube bracarense se tornou no quarto emblema português - depois de FC Porto, Benfica e Sporting - a marcar presença numa final de uma prova europeia e o quinto a participar na fase de grupos da Champions (além dos três anteriores, também o Boavista por lá andou).
O primeiro capítulo desta história escreve-se com a entrada na Liga dos Campeões. Ao derrotar o Sevilha em casa e no Sánchez Pizjuán, o Braga ganhou o direito a disputar a fase de grupos da prova, ficando colocado no Grupo H, juntamente com o todo-poderoso Arsenal, o Shakhtar Donetsk e o Partizan de Belgrado. O arranque, em Londres, foi um desastre - derrota por 6-0 -, mas com maior ou menor dificuldade a equipa de Domingos Paciência foi-se recompondo paulatinamente, terminando esta fase como a melhor estreante de sempre a nível nacional, amealhando nove pontos, mais do que Benfica (cinco em 1991/92), FC Porto (cinco em 1992/93), Sporting (sete em 1997/98) e Boavista (cinco em 1999/2000). Ainda assim, o terceiro lugar fê-la cair para a Liga Europa, cenário do epílogo deste conto de fadas bracarense.
Num caminho recheado de obstáculos complicados de ultrapassar, o Braga aproveitou bem o estatuto de não-favorito na maioria das eliminatórias para surpreender os adversários. O primeiro foi o Liverpool - já depois de o Lech Poznan ter sido afastado -, e os minhotos fizeram-no de forma estóica, pois afastaram o fantasma dos jogos em Inglaterra e empataram no mítico Anfield, de onde sairiam motivadíssimos para ultrapassar o Dínamo de Kiev nos quartos. Seguiu-se o Benfica nas meias-finais da competição, ultrapassadas graças a uma noite inesquecível no AXA em que Custódio foi o grande herói, marcando o golo que carimbou o passaporte dos arsenalistas para a final, onde a equipa veio a defrontar o FC Porto. O encontro foi histórico por pôr pela primeira vez frente a frente duas equipas portuguesas, mas não tanto como os bracarenses pretendiam, já que Falcao lhes "roubou" a taça. Terão os arsenalistas nova oportunidade para a conquistar? O futuro o dirá.
Números
Derrotas esta época no AXA. O Shakhtar Donetsk foi o único a vencer no Minho, na segunda jornada da fase de grupos da Champions. 4º
Braga tornou-se no quarto clube português a marcar presença numa final de uma competição europeia, depois de FC Porto, Benfica e Sporting. 5º
O clube arsenalista foi o quinto português a participar numa fase de grupos da Liga dos Campeões. Além dos minhotos, também FC Porto, Benfica, Sporting e Boavista por lá passaram. 9
Pontos conquistados na fase de grupos da Champions. Nenhum outro clube português conseguiu tantos no ano de estreia na prova. 19
Total de jogos efectuados esta época nas competições europeias. O primeiro foi com o Celtic, na terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões, o último com o FC Porto, na final da Liga Europa.