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Há três anos, o Belenenses terminou com o basquetebol sénior por dificuldades económicas já no decorrer da primeira edição da Liga Portuguesa. O emblema do Restelo era mais um histórico vítima da crise, deixando para trás um palmarés com dois campeonatos nacionais (1938/39 e 1944/45) e duas Taças de Portugal (1944/45 e 1958/59) em seis presenças na final, a última em 2006/07 com o FC Porto.
Esta época, o basquetebol sénior do Belenenses regressou para competir na CNB2, numa gestão independente do clube. Em 2008, quando a equipa fechou portas, o actual responsável da secção de basquetebol, João Machado, era apenas espectador e pai de um atleta da equipa sub-14. "Assisti a grandes jogos no Pavilhão Acácio Rosa. Nunca me passou pela cabeça desempenhar estas funções. Queríamos um rumo para a Escola de Basquetebol, pois a formação não tem sentido se não houver equipa sénior", conta.
Dos quatro treinos semanais só um acontece no emblemático Acácio Rosa, sendo que todos são em horário pós-laboral. "É muito pouco, mas com quatro modalidades de pavilhão, com equipas seniores todas amadoras, não é possível mais. Temos de ir aos poucos conquistando o nosso espaço, mas não nos podemos queixar, pois quando pensamos no projecto já sabíamos destas dificuldades", considera o responsável. O contributo dos "pais e alguns amigos" são o principal apoio: "Neste momento que o país atravessa quem é que está disponível investir em algo que não traz retorno? Temos de ter imaginação e fazer o que fazemos nas nossas casas, poupar e pensar sempre que um cêntimo vale um cêntimo". Para já, os primeiros meses estão a ser marcantes. "É gratificante ouvir os jogadores dizerem que querem ficar na história, como fazendo parte de um grupo levou outra vez para o topo o basquetebol do Belenenses, para o lugar onde nunca devia ter saído", enaltece João Machado.
Jogam e estudam
Na CNB2, o Belenenses é terceiro na Fase Interregional da Zona Centro/Sul, somando cinco vitórias e três derrotas. Com uma média de idades que ronda os 20 anos, todos os elementos da equipa estudam, à excepção de um, já licenciado em Educação Física. "Mais de 50 por cento de jogadores são da formação do Belenenses. Houve a preocupação de ir buscar alguns jogadores mais antigos que tinham feito também a formação cá, mas excluindo esses atletas, o núcleo foi ainda reforçado com os ex-juniores do Algés", relata o treinador Gonçalo Marques. Para o técnico de 34 anos também se trata de um regresso a Belém, pois já tinha treinado todos os escalões durante sete anos (entre 1998 e 2005), mas regista ainda no currículo o Ateneu Comercial de Lisboa, Benfica e Carnide Clube. Para já os objectivos passam por "ganhar o maior número de jogos até ao fim da primeira volta [termina a 8 de Janeiro]". "Mediante o que conseguirmos, vamos definir objectivos mais concretos até ao final da época. Mas queremos a qualificação para a próxima fase", acrescenta.