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Era longo o historial de lesões de Aimar quando, no Verão de 2008, assinou pelo Benfica, e dele sobressaía a mal-sucedida operação a uma pubalgia no tempo em que representara o Saragoça. Pese a qualidade técnica, a nuvem de dúvidas sobre o argentino agravou-se às primeiras ausências por motivos físicos, a ponto de o director-desportivo Rui Costa ter de defender e repetir publicamente que o Benfica contratara um jogador "para quatro anos e não para quatro meses". O argentino, dizia-se, tinha "músculos de manteiga"; mas hoje nada tem a ver com aquele jogador frágil que, há três anos e meio, saiu de um jacto particular no aeródromo de Tires: se está perto de prolongar a ligação às águias por uma época, deve-o ao facto de ter um "Quociente de Inteligência acima da média". Sem isso, garantem a O JOGO, não se teria dedicado como dedicou e seguido escrupulosamente um processo de reabilitação física complexo. Salvou-se das lesões frequentes e ganhou um novo contrato, que, no plano pessoal, é também um prémio.
Grande fatia da recuperação de Aimar deve-se, pois, ao seu próprio carácter. Ancorado num departamento médico que também via nele um desafio, o médio teve de começar por superar os medos enquanto cicatrizava as mazelas físicas. Sempre em articulação com o gabinete clínico, o fisiologista de esforço Bruno Mendes - outra peça-chave - e a sua equipa específica passaram largas horas a trabalhar com El Mago e os resultados foram aparecendo. O jogador ganhou massa muscular e todos começaram a acreditar piamente que era possível chegar ao nível... actual.
Apesar de já apresentar nesta altura os melhores índices físicos possíveis, Aimar é sempre um caso especial no plantel. Mas El Mago confia no departamento médico e este retribui. Mais: o próprio jogador sabe qual é o seu limite e, quando parte de si a gestão, tanto os clínicos como a equipa técnica seguem as suas dicas. Hoje em dia, tudo passa essencialmente por uma gestão cuidada ao nível da prevenção e todos sabem que, com o "10", não vale a pena aumentar muito a carga sem necessidade. Sem "gás" não é possível explanar todo o seu futebol onde mais interessa, nem fazer o tal "passe para onde menos se espera", aspecto que tanto impressiona Claudio López. "Aimar sempre se cuidou fisicamente e pode estar tranquilamente mais alguns anos na Europa. As suas características estão intactas", concretiza o ex-companheiro de selecção.
Mais jovem, Pastore também continua a ver no criativo benfiquista uma referência e sublinha outro detalhe que leva o Benfica a querer o compatriota por mais um ano: "Ele faz coisas diferentes, tem uma precisão com bola que o distingue."
Pontos de vista
Aimar é um jogador extraordinário, distinto, de muitíssima qualidade. O meu ídolo sempre foi o Riquelme, mas o Pablo é um jogador com essas características, que qualquer pessoa gosta de ver jogar. Faz coisas diferentes. Tem uma visão de jogo e uma precisão com a bola que o distinguem. Por alguma coisa leva tantos anos no futebol europeu e sempre ao mais alto nível. Foi titular em todas as equipas que representou e hoje em dia é um jogador importante no Benfica, que está muito bem na Liga dos Campeões
Claudio López: "Características estão intactas"
É um médio que pauta o jogo, gere os tempos e arma o futebol da equipa. Um grande profissional, muito responsável, capaz de meter um passe onde menos se espera. Quando ele tinha a bola, já sabia que tinha de estar atento, porque ele metia-a num buraco e era possível ficar na cara do guarda-redes. Não me surpreende que continue ao mais alto nível, porque sempre se cuidou muito fisicamente e pode estar tranquilamente mais alguns anos na Europa. As suas características estão intactas