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João Gonçalves sonha desde pequeno com a camisola do Sporting, que vestiu durante todo o seu processo de formação e, depois de crescer no futebol sénior ao serviço do Olhanense, onde deixou marca indelével, olha agora para a equipa principal.
Dificilmente poderia ter sido melhor a sua progressão como jogador emprestado. Como encara a perspectiva forte de se reintegrar no plantel do Sporting já na próxima época?
Encaro com muita alegria, como é normal. É o meu sonho de criança. Sempre fui do Sporting, desde miúdo que represento o Sporting, e tenho esse objectivo bem definido Essa ligação de que fala vem do berço?
É verdade. Fiz todo o meu percurso no clube, depois de estar um ano e meio no Real Sport Clube, de Massamá, onde ainda joguei com Nani, portanto é normal que, com tantos anos, tenha um grande carinho pelo Sporting. O sentimento já vinha de casa, mas estando lá e convivendo todos os dias com as pessoas do clube, cria-se ainda maior afectividade. Não sou melhor nem pior jogador ou profissional por causa disso, mas é uma ligação que não nego. Sempre teve o sonho de que falou. O desejo nunca se tornou uma obsessão?
Obcecado, nunca me senti. É um sonho, apenas, e sinto que tenho feito por vê-lo concretizado. Se por acaso não vier a suceder, não vem daí mal nenhum ao mundo. A nova estrutura do Sporting já lhe comunicou algo no sentido de voltar à Academia?
Até agora, nada me foi transmitido, mas o Sporting tem um gabinete de scouting que observa os seus jogadores devidamente. Estão atentos, seguramente, até por aquilo que tenho conseguido em termos individuais e colectivos no Olhanense, que tem tido muitos jogadores emprestados pelo Sporting. Sente que vai voltar um jogador bem diferente, com mais traquejo?
Sem dúvida! É diferente um jovem que sobe directamente dos juniores ou um jogador como eu, que está emprestado há quatro épocas, uma na II Divisão, outra na II Liga e duas na Liga principal. Joguei quase sempre, e esta época joguei praticamente todos os jogos. Tive sempre um percurso triunfante. Em Moscavide, ficámos em primeiro da nossa série com grande vantagem. Não subimos porque, no play-off a duas mãos, fomos eliminados nos penáltis. Vim para Olhão com Jorge Costa, com a equipa no segundo escalão. Fiz toda a época, fomos campeões, e tudo correu bem. No final da temporada tive um forte revés por causa de uma lesão. A partir de Janeiro do ano passado recomecei a jogar e a partir daí fiz muitos jogos e joguei quase toda esta época. O João tem um currículo vencedor também nos escalões jovens. Como se explica a diferença na cultura de vitória que conheceu na formação e que não sucede no escalão principal, onde actuam diversos atletas vindos das camadas jovens?
É algo estranho, mas é óbvio que essa tendência tem de terminar. Na formação, ganhei todos os títulos em todas as categorias, distritais e nacionais. Nos juvenis, até fui campeão duas vezes. A única explicação que encontro é que o Sporting tem vendido as suas grandes pérolas. Se se mantivessem Ronaldo, Quaresma ou Nani, certamente era mais fácil ser campeão. Espero contribuir para coisas melhores, para vitórias. Isso seria o ideal.
"No meu tempo, nem se pensava em não passar pela equipa principal"
No meu tempo nem se pensava nisso! A mentalidade centrava-se em chegar à equipa principal. Nenhum júnior, por muito bom que fosse, andava ali a pensar em ir logo para um qualquer grande clube da Europa. Não passavam de sonhos [risos]. O objectivo deve passar sempre por chegar à equipa principal. Mas caso se consiga afirmar em Alvalade, é normal que tenha outros horizontes...
Eu só penso em chegar ao Sporting e lutar por um lugar. Pensar noutra coisa seria saltar etapas. Fiz a minha carreira devagarinho, passo a passo, e só espero que tudo me corra bem. No meu íntimo, espero que a próxima etapa seja o Sporting, até porque tenho contrato até 2013. A situação não depende exclusivamente de mim, vem aí um novo treinador, que não sei quem será, e essa pessoa terá uma palavra a dizer. A partir daí veremos.
