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Ricardo Mestre treina três horas por dia, seguindo à risca o plano traçado por Benjamim Carvalho, médico do Tavira, para início de preparação de uma equipa que, em Janeiro, vai até à Argentina participar na primeira prova da época. Seguir-se-ão outras corridas de cariz internacional, estando para já adiado o desejo de pedalar regularmente nos maiores eventos mundiais.
O Ricardo acabou por ficar no Tavira. Jogou pelo seguro?
Fico mais uma época no Tavira. Houve a possibilidade de representar outra equipa, mas não se concretizou, e resolvi continuar onde me sinto bem. O estrangeiro chegou a ser uma hipótese?
Houve contactos nesse sentido, nada mais. Não se proporcionou. Cada vez há mais ciclistas livres, muita oferta, só que o facto de haver menos equipas dificulta a vida a quem quer correr lá fora. O amor à camisola falou mais alto?
Tenho um carinho especial pelo Tavira, não o nego, mas em primeiro lugar estão os meus objectivos. O importante é conciliar as duas coisas. E conseguiu fazer isso?
O ciclismo em Portugal está numa fase difícil. Um português que queira ter um futuro mais risonho é obrigado a integrar uma equipa de escalão superior e isso só é possível no estrangeiro. O que está difícil, como já disse. Portanto... Os treinos, entretanto, já recomeçaram...
Sim, treino todos os dias, seguindo o plano de preparação habitual nesta altura, da responsabilidade do dr. Benjamim Carvalho. Parei em Outubro e a pré-época arrancou em Novembro. Não uso conta-quilómetros, mas faço cerca de três horas diárias. Há motivação para pedalar sabendo que a competição ainda tarda?
A questão não passa por aí. Temos de treinar, é essa a motivação de quem tem esta profissão. Faz parte do nosso trabalho. E a equipa do Tavira vai participar em Janeiro no Tour de S. Luís, na Argentina, uma prova de sete dias. Depois, embora não conheça todo o calendário, que passa também pelo acordo com a equipa, devemos ter mais provas no estrangeiro. Gostava de correr numa das grandes competições do calendário internacional?
Penso que qualquer ciclista tem esse objectivo, o de entrar num Tour, numa Vuelta ou num Giro. Mas não é fácil. As equipas têm de ser convidadas para lá ir e essa é a parte mais difícil. Tem preferência por alguma das corridas que referiu?
A Volta a França é um sonho, sem dúvida. Não podendo ir ao Tour, que objectivos tem?
Para já, quero melhorar em 2012 o que fiz em 2011. Se tive quatro vitórias, agora quero mais, e é isso que vou tentar fazer. Volta a Portugal incluída?
Claro, gostava de repetir o triunfo na Volta, é um objectivo muito forte. E a equipa do Tavira vai estar de novo à altura?
Por aquilo que sei, os ciclistas são praticamente os mesmos, logo, dão garantias. Só saiu o André Cardoso. Mas o ano não está fácil, em termos de patrocínios, de orçamento...
São coisas que não passam por mim, mas todos sabemos que atravessamos tempos complicados. Os responsáveis esforçam-se por encontrar mais alguns patrocínios. Quanto ao orçamento, baixá-lo é impossível. Espero até que suba um pouco, mas não faço ideia.