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Desde Coimbra, quando começou a série negra com que os leões se despediram de 2011 e entraram em 2012, Domingos Paciência apontava à falta de eficácia como um dos principais obstáculos que se impunha à equipa ultrapassar com carácter de urgência. Ainda sem Rinaudo nem Izmailov, obrigado a preterir a principal referência do ataque, Van Wolfswinkel, e do estratega e especialista nas bolas paradas, Schaars, o técnico dos leões apostou... nas bolas paradas para pôr fim à toada de desperdício que impedia a equipa de vencer. Aproveitou a inegável capacidade de Onyewu para desequilibrar pelo ar, fez de Jeffrén e Capel assistentes de primeira, na ausência do 8 holandês, e "fez" dois golos por um herói feito no laboratório.
"O pormenor faz a diferença", lembrou Domingos, no final da recepção ao Beira-Mar, que marcou o regresso dos leões aos triunfos. Um pormenor que fez toda a diferença foi, além do intérprete que bateu o canto ou o livre indirecto, foi a movimentação do próprio Onyewu. O norte-americano, normalmente com Schaars, colocar-se-ia ao segundo poste, para onde o internacional holandês o iria procurar. Servido superiormente pelos extremos espanhóis, Guch atacou a bola, sem oposição, vindo de trás e cabeceando sem hipótese de defesa.
O camisola 5 dos leões já tinha provado ser um trunfo importante neste tipo de lances, tendo mesmo desfeito os empates que se verificavam em Vila do Conde, com o Rio Ave, e com o Nacional, em casa, resgatando seis pontos para a equipa de Domingos Paciência, contabilizando o terceiro triunfo que Guch "arrancou", domingo, com o Beira-Mar.
As bolas paradas, de resto, assumem especial importância no rendimento da equipa, traduzindo 17 dos 52 golos marcados - 32% - nos 32 jogos já realizados esta época. Entre cinco grandes penalidades - convertidas por Van Wolfswinkel - dois livres directos, batidos para o fundo da baliza por Jeffrén e Schaars, quatro livres indirectos e seis cantos, não é de descurar o poder de fogo demonstrado pelos leões neste capítulo, sendo ainda Insúa e... Onyewu intérpretes de peso neste tipo de lances - o argentino pela forte meia-distância, o norte-americano pela poderio que impõe pelo ar.
Os cinco golos de Onyewu de leão ao peito, de resto, além de se terem traduzido em três vitórias na Liga e no acumular de seis pontos, foram maioritariamente conseguidos de cabeça na sequência de bolas paradas. A excepção deu-se na Taça da Liga, com o Rio Ave, quando era já "ponta-de-lança" e marcou de pé esquerdo.