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>Carlos Queiroz
"Nesta Selecção só está quem quer"
Carlos Queiroz quer contar com Cristiano Ronaldo na Selecção, mas não deixa de lhe exigir empenho total, pois, de outra forma, segundo diz, é preferível sair. Se o CR7 não sentir sincera afeição à camisola das Quinas, não vale a pena voltar. "Ninguém está acima da Selecção Nacional. Os jogadores e os treinadores normalmente escolhem os clubes onde querem jogar, mas aqui é a Selecção que os escolhe. E só cá está quem quer", avisa o seleccionador, em jeito de recado, um dos muitos que deixou a Cristiano na improvisada conferência de ontem.
Queiroz endureceu mesmo o tom da mensagem. "Se o tamanho da camisola for pequeno para algum corpo, não precisa de estar aqui." E garantiu que não pretende "conquistar amizades fáceis" com Ronaldo. "Só preciso de conquistar o seu respeito, nada mais. E quando tiver de dizer 'não', digo 'não'", acrescentou o técnico. "Ninguém deve estar acima dos interesses da Selecção Nacional" - esta outra das mensagens deixadas pelo treinador, interessado, porém, em "segurar" o craque, a quem desculpa por ter agido como ele próprio, Queiroz, também agiu em tempos. "Também tive as minhas expressões de frustração, mas depois a gente aprende", disse, aludindo à famosa frase que há anos proferiu, quando se referia a "limpar a porcaria da Federação".
Fica ainda uma alusão a Eusébio, provavelmente utilizada para simbolizar a atitude que um capitão da equipa nacional deve ter: "Os mais velhos passaram por momentos difíceis. Por isso é que trouxe o Simões, o Costa, o Eusébio... jogadores internacionais, passaram por momentos difíceis. Vi o Eusébio a chorar no Mundial de 1966 depois de perder com a Inglaterra... Trouxe essas pessoas para transmitir esses exemplos de como estar. A nossa missão é treinar estas gerações para aquilo que foram e são os nossos modelos de referência."
Os desabafos, não apenas de Ronaldo, mas de outros jogadores, foram explicados como "frustrações" originadas pelo mau resultado. "Estou mil por cento ao lado de jogadores que tiverem alguma frustração de linguajar, porque queriam ganhar, queriam oferecer essa vitória a Portugal."
O mesmo se aplica à divergência entre as suas afirmações em relação a Hugo Almeida: o treinador dissera que o substituíra devido a cansaço, mas aquele negou que estivesse fatigado. "Não hipotequei o meu futuro no Manchester United para vir para cá brincar com a minha vida ou com o futebol português. Se digo que um jogador está lesionado, é porque está. Quando eu disser que um jogador está cansado, é porque está cansado; eu conheço os jogadores melhor do que qualquer um. Ao jogador compete-lhe dizer que não está cansado, como é evidente, mas não me ponham em causa, com a minha honra não se brinca", advertiu Carlos Queiroz.