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Na última conferência de Imprensa da época, André Villas-Boas manteve o mesmo discurso ouvido em outras conversas. Nada de favoritismo. Aliás, segundo explicou, foi esse pensamento que esteve por detrás do sucesso alcançado. E também houve elogios à equipa de Manuel Machado.
Com duas baixas importantes como Otamendi e Falcao, que implicações poderão ter no rendimento da equipa?
Vamos para o Jamor com a mesma confiança apesar das ausências, porque não é nada que não nos tenha já acontecido. O Falcao esteve um longo período ausente. Agora sofreu uma grande pancada no joelho e achámos melhor não arriscar. Relativamente ao Otamendi, sofreu uma pancada nas costas que o limita bastante. Tem muitas dores. Neste caso, está completamente indisponível. Mas vamos muito confiantes, porque temos gente suficiente no plantel que nos dá a máxima das aspirações. O Guimarães é o nosso último grande desafio. Será muito difícil, porque chega ao final da Taça com total mérito e extremamente renovado, após uma semana em que se concentrou para esse objectivo. Seguramente, não quererá perder uma oportunidade de conquistar um troféu que já lhe fugiu uma vez contra o FC Porto.
Seja qual for o resultado no Jamor a época já é histórica. Nesse sentido, como se motiva uma equipa para mais uma final?
Se abordarmos as coisas nessa perspectiva teremos todas as hipóteses de cair por terra. Não podemos apenas pensar que a época já foi grandiosa e que já nos damos por satisfeitos. Esta é uma oportunidade histórica de ganharmos três Taças de Portugal consecutivas, algo que é muito importante para nós. Queremos inspirar-nos muito no que fizemos na segunda mão das meias-finais, porque, contra todas as expectativas, conseguimos o acesso ao Jamor. Agora, dar a taça ao adversário assim de forma tão leve não é o nosso timbre, nem corresponde às expectativas do clube e dos adeptos. A motivação, portanto, é máxima.
Tem vantagem o Guimarães por ter passado uma semana tranquila, ao contrário do FC Porto?
Repare que a motivação do Guimarães é extrema e esta semana de concentração poderá ajudá-los na focalização do objectivo. Acho que cada treinador aborda os jogos da forma que entender. A concentração do Guimarães em Quiaios reflecte o sentimento que se vive naquele balneário. Nós não pudemos fazer isso, porque jogámos uma partida muito importante na quarta-feira. Achámos conveniente dar dois dias de folga, não só devido ao cansaço que os festejos trazem, mas também devido ao impacto emocional de termos ganho uma final. Reunimo-nos hoje para preparar o jogo. São duas circunstâncias diferentes, qual é a melhor não sei. Apenas vivemos com a responsabilidade do nosso historial e a vontade enorme de juntar três taças de Portugal. E também temos a responsabilidade e a motivação por termos feito uma reviravolta estrondosa na Luz. Culminar a época com um troféu seria óptimo.
Apesar de o FC Porto ter ganho o campeonato e a Liga Europa, volta a rejeitar o papel de favorito?
Não atribuo importância a isso. Como viram em Dublin, para tanto favoritismo nosso acabou por ser um jogo equilibrado e disputado, com quase o mesmo número de oportunidades para ambos os lados, cada um fiel ao seu estilo. Foi um jogo extremamente complicado de resolver, que felizmente conseguimos ganhar. Dividiremos sempre o favoritismo e sabemos as dificuldades que vamos encontrar com o Guimarães.
O Beto vai ser titular?
Sim, em princípio sim. Temos a máxima confiança nos três guarda-redes, que foi transmitida com alguma alternância. O Helton foi absolutamente fantástico e teve uma época estrondosa, ao passo que o Beto sofreu uma lesão difícil em Viena, que o afastou muito tempo dos relvados. Regressou agora em força. É um dos grandes guarda-redes portugueses, com excelentes perspectivas para o futuro. O Pawel [Kieszek] ultrapassou um momento difícil após o jogo da Taça da Liga. Confiamos em absoluto nele. Desta vez, optámos por levar o Helton e o Beto, que deve jogar.
Sinceramente, há nove meses esperava estar nesta altura à beira de conquistar o quarto troféu da época?
Há objectivos obrigatórios. Como o campeonato, que conseguimos conquistar a cinco jornadas do fim. A Supertaça era decisiva naquela fase da época. Depois, tendo em conta o que este clube fez na Liga dos Campeões, mais o facto de ter ganho a Taça UEFA em 2003, sentíamos que devíamos a Liga Europa aos adeptos. Houve um sentimento de envolvência e compromisso total com a obtenção do troféu. À medida que fomos caminhando na prova, acreditámos sempre um pouco mais. Passámos a fase de grupos quando restavam duas jornadas para o fim. A cada passo fomos acreditando sempre mais na final.
"Guimarães também
gosta de jogar bem"
Tendo em conta que foi a primeira equipa a tirar pontos ao FC Porto no campeonato, que caracterização faz do Guimarães?
Não podemos focalizar-nos apenas no jogo do D. Afonso Henriques, porque o do Dragão foi extremamente competitivo. O Guimarães criou-nos imensas dificuldades e nós só marcámos por volta do minuto 60. O Guimarães teve muita iniciativa de jogo, porque também gosta de jogar bem. É uma equipa que privilegia a objectividade e também um jogo de posse. Tem bons jogadores e alguns entraram numa fase mais adiantada da época, mas extremamente motivados, como o Jorge Ribeiro, por exemplo. E o N'Diaye, que apareceu fortíssimo como central nesta parte final. É um grupo motivado para conquistar um grande objectivo para um clube e uma cidade importante neste país como é Guimarães.