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Na primeira mão das meias-finais da Liga Europa, o Benfica mantinha a magra vantagem de 2-1 sobre o Braga, e nem o público conseguiu empurrar a equipa para o terceiro golo, que muito maior conforto daria na viagem da próxima semana à Pedreira. Um dos principais motivos a prejudicar o tal pressing final foi uma vez mais a quebra física dos comandados de Jorge Jesus, que já ficara bem vincada na final da Taça da Liga, contra o Paços de Ferreira, e ainda na segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal, na Luz, ante o FC Porto. Se a equipa até aguenta, naturalmente, bem nos primeiros 45 minutos, é sobretudo na última meia hora que as pernas parecem deixar de corresponder tão bem.
O modelo de jogo muito vertical habitualmente apresentado por Jesus obriga os jogadores a muito trabalho, já que a equipa recorre preferencialmente a transições rápidas e a forte pressão defensiva. Mas há outros factores a justificar a quebra precoce, quando a águia já deixou cair tudo o resto, mas ainda tem Dublin no horizonte.
O JOGO fez as contas e, de entre os sete titulares que sobraram da última época, há quatro com uma muito maior carga de minutos nas pernas em relação ao final de Abril de 2010, numa altura em que a equipa soma apenas mais três jogos: Maxi Pereira, Fábio Coentrão, Aimar e Saviola. Os outros três (Luisão, Javi García e Cardozo) têm jogado menos do que na última época, mas pouco. No caso do central, a gestão na Liga ZON Sagres é a responsável, enquanto para Cardozo o afastamento por lesão explica o abrandamento.
A situação de Fábio Coentrão é a mais flagrante. Se na última época tinha participado, em período homólogo, em 2851 minutos, na presente campanha leva já 3722' - na prática, mais nove jogos e meio. No flanco oposto mora outro foco de desgaste - apesar da raça que sempre demonstra - e a coisa não é para menos: Maxi Pereira já jogou, nesta época, mais 829 minutos do que na última temporada, ou seja, pouco mais de nove encontros completos. Saviola, outro dos casos gritantes de falta de pernas nos últimos confrontos, também já correu mais este ano do que na última campanha. A diferença é de mais de quatro jogos. Falta apenas referir o sempre gerido com pinças... Aimar, que leva agora mais 192 minutos disputados do que na última época.
E se a confiança dá sempre aquele empurrão extra quando o pulmão começa a faltar - aqui está uma diferença para 2009/10 -, é preciso referir também o precoce afastamento de Rúben Amorim, que dava a Jesus o conforto de poder gerir qualquer elemento do meio-campo e também das laterais. Na atribulada pré-época, com jogadores a chegar a conta-gotas do Mundial da África do Sul, mora outra justificação para a actual quebra, pois, já se sabe, no planeamento inicial joga-se muito do futuro.
