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Está lançada a confusão em Alvalade, apenas 56 dias após o início do mandato da Direcção liderada por Luís Godinho Lopes: divergências internas fazem com que Luís Duque, um dos principais trunfos usados pelo actual presidente na campanha eleitoral, ameace bater com a porta, numa postura que coloca em causa a base do projecto verde e branco para o futebol.
Ratificado como administrador da Sporting Clube de Portugal SAD na última quarta-feira, Duque fez saber que está a considerar a possibilidade de apresentar a demissão, por não encontrar condições para desempenhar as suas funções de acordo com o que tinha planeado, sendo mesmo aventada a hipótese de realização de uma conferência de Imprensa durante o dia de amanhã, para que possa explicar os motivos da sua tomada de posição. Em causa poderá estar a interferência de outros dirigentes numa área que Duque pretende gerir em colaboração exclusiva com Carlos Freitas - o futebol profissional -, algo que muitos apontavam como inevitável, tendo em conta o estatuto e ambição de outros nomes que faziam parte da lista de Godinho Lopes, casos de Carlos Barbosa e Paulo Pereira Cristóvão.
Contactados por O JOGO, foram vários os elementos da estrutura verde e branca que disseram nada saber da intenção do administrador, tendo a SAD emitido um comunicado, negando "conhecimento oficial" de tal processo [ver informação adicional nesta página].
As próximas horas serão decisivas para perceber se Luís Duque pondera, realmente, deixar o Sporting de imediato, ou se a ameaça fará parte de uma estratégia destinada a reforçar a sua posição no comando do futebol.
Recorde-se que todo o projecto desportivo de Godinho Lopes assentava na aliança Duque/Carlos Freitas para a gestão do futebol profissional e que a colaboração da dupla era apontada como essencial para a reconstrução do plantel, numa primeira fase, e, como consequência, para o regresso do Sporting à glória dos títulos, que escapam ao emblema verde e branco desde 2001/02.
Aliás, o administrador está intimamente ligado à conquista do penúltimo campeonato, já que liderava a SAD em 1999/2000, época em que chegou ao fim o longo jejum de 18 anos.
Já então, logo na época seguinte, divergências com José Roquette, presidente do clube, estiveram na origem de episódios semelhantes, que resultaram mesmo na saída de ambos.
Agora, resta saber como a estrutura dirigente verde e branca vai lidar com este terramoto e quem vai cair na primeira luta de poder no seio de um elenco que está longe de ser homogéneo.