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A providencial e lusitana sabedoria popular tem o hábito de justificar as desgraças alheias com o inevitável "estava no lugar errado no momento errado". Ora, o norte-americano Ryan Lochte tem vivido um pouco dessa forma: sempre foi considerado um nadador azarado, remetido à sombra de Phelps, apesar de ser um nadador de absoluta eleição, um dos melhores de sempre. Mas os seus tremendos resultados foram sempre sendo cobertos pelos primeiros lugares e os recordes de Phelps. Pois ontem, no Mundial, Lotche deu a sapatada na crise. Depois de já ter vencido o Peixe três vezes esta época - não se livrando da sentença: "Nos Jogos e Mundiais, perde sempre" -, agora não só não perdeu como, e para que dúvidas não restassem, terminou os 200 estilos à frente de Phelps e com um novo recorde do mundo, o primeiro a ser batido desde que, em 1 de Janeiro de 2010, os fatos de poliuretano foram proibidos.
Os 1m54,00s de Lochte - contra os 1m54,10s da anterior melhor marca, que era sua desde Roma'2009 - vão ficar para a história como um dos mais fabulosos tempos obtidos numa não menos fabulosa prova, pois Phelps não se rendeu e terminou em 1m54,16s, o seu melhor registo de sempre, tendo os dois norte-americanos terminados separados pelo tamanho de uma mão...
Lochte, que treina desde 2008 de um modo diferente, sempre a pensar derrotar Phelps, terá ontem pensado: "Finalmente." Por sinal, ao comentar o ouro e o recorde foi menos irreverente do que o costume, reconhecendo o mérito de Phelps: "Queria muito fazer algo que todos pensassem que não era possível. Bater este recorde era um sonho. Queria mostrar que os nadadores são mais do que um fato. Eu e o Michael travámos um duelo brutal, e isso acabou por contribuir para o recorde. Conseguimos os dois um feito muito especial."