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>"Lista consensual falhou por quererem grelhas"
Por que razão falhou a constituição de uma lista de consenso para o Conselho de Arbitragem?
A minha percepção é que as pessoas ainda têm no seu espírito que a questão de consenso tinha a forma tradicional de constituir a lista através de grelhas. Consenso não é dizer eu escolho seis e tu escolhes seis. Os nomes têm de ser consensualizados entre duas pessoas e depois há um presidente que vai gerir. Tem de haver uma concepção metodológica e de pensamento relativamente ao que é consenso e ao que são grelhas. Disse numa entrevista que as escolhas de Vítor Pereira provam a isenção dele. Porquê?
Disse que provam a independência. Convidei Vítor Pereira para ser presidente do CA dentro do princípio de responsabilidade global que eu acho que quem pretende presidir à FPF deve ter sobre os diversos órgãos sociais. Convidei os presidentes e dei-lhes independência total para constituírem equipas. O Vítor Pereira escolheu sete elementos, na sua lista de 19, ligados a associações distritais (Viana do Castelo, Castelo Branco, Porto, Lisboa, Setúbal, Évora e Leiria) que claramente apoiam a lista adversária. O equilíbrio Lisboa-Porto, ou antes a obrigatoriedade de haver desequilíbrio em desfavor de um deles, foi, ou não, uma questão-chave na discussão da lista de consenso?
Quem conduziu o processo foi o Vítor Pereira e não me parece que tenha havido essa questão. Tem a ver com o que disse, consenso ou grelha. Este drama da arbitragem que domina as discussões, no seu entender, é real, semi-real ou ficcional?
Temos excelentes árbitros e estão a aparecer jovens árbitros que permitem elevar a qualidade e tendencialmente ter menos interferência nos resultados dos jogos. Com a profissionalização, os árbitros tenderão a ser melhores. Muitas das questões levantadas a respeito da verdade desportiva têm a ver com isto. Com uma ajuda das novas tecnologias?
Sou favorável. Há a experiência da sua utilização noutras modalidades e sabemos que cria condições para aumentar a verdade desportiva, mas estamos condicionados pelas regras do International Board. Iremos pugnar para a utilização de algumas medidas tecnológicas, de forma a eliminar erros. Falou da profissionalização dos árbitros. Os observadores, neste momento, são o elo mais fraco. Como fazer o upgrade desses elementos?
Através do Regime Jurídico já há ramos diferenciados para os árbitros, para a observação e para a avaliação. No caso concreto da lista para o Conselho de Arbitragem, patrocinada por mim e presidida por Vítor Pereira, há lá uma pessoa altamente qualificada em termos da UEFA que terá a responsabilidade da observação. Dentro daquilo que é o plano de desenvolvimento de arbitragem, essa é uma das áreas de preocupação. Da nossa parte, já fizemos de uma forma experimental, este ano, um conjunto de alterações e esperamos que os resultados positivos permitam melhorias nas próximas épocas.
