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É uma liderança forte, que se impõe por si própria, com naturalidade, sem recurso à prepotência ou abuso da autoridade, aquela com que Domingos Paciência se afirma à frente dos grupos de trabalho que comanda. Conhecedor por experiência própria dos anseios e receios vividos do outro lado da barricada, enquanto jogador, o novo técnico dos leões mantém um comportamento próximo dos seus atletas, privilegia o diálogo e está em permanente contacto e atento ao momento que atravessam.
A proximidade e a cumplicidade mantida com os jogadores não implicam qualquer perda de autoridade, mas sim uma relação de respeito mútuo, baseada no diálogo constante, frontalidade e honestidade. Uma forma próxima de lidar com jogadores que os cativa, que os faz sentir sempre acompanhados nos melhores e nos piores momentos, que os faz compreender e tolerar as suas opções. Gosta de saber como se sente o jogador e gosta de entrar na sua cabeça, missão que desempenha com sucesso e relativa facilidade, bem como com à-vontade, pela experiência acumulada como jogador e nos últimos anos como treinador. Uma espécie de trabalho psicológico, pois sabe que a tarefa de um treinador e a necessidade de controlar o grupo de trabalho para alcançar o êxito não se limitam à orientação da equipa em treino e em jogo.
Domingos passa uma mensagem motivacional forte, componente à qual dá especial atenção, para agregar o grupo em torno de um objectivo comum.
Mas tudo isto é feito com regras e limites, sem dureza excessiva, pois considera-se mais um orientador, amigo e treinador que um xerife ou polícia. Impõe limites à utilização dos telemóveis e cria uma caixa de multas, entre outros regulamentos próprios - anexados aos do clube - que ele mesmo cumpre. Não entra em jogos com os seus jogadores, não gosta que joguem PlayStation ou a dinheiro ou outro tipo de actividades que considera que tiram concentração. E as palestras são no hotel; para o estádio, ficam só eventuais retoques.
Treino sempre com bola
A bola é o centro do futebol e, como tal, está (quase) sempre presente no trabalho orientado por Domingos Paciência. Tal como O JOGO analisou na edição do passado dia 21, até a vertente física, com especial incidência na pré-época, é desenvolvida em contacto com a bola. O arranque dos trabalhos, na Academia, a 4 de Julho, deve proceder-se com sessões bidiárias, atendendo à metodologia adoptada pelo novo técnico dos leões em épocas anteriores, e ao cabo da primeira semana de trabalho costuma marcar jogos-treino para apurar e rectificar situações em jogo, o que agrada aos atletas e reforça a identidade da equipa.