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Nuno Gomes deve ou não ser utilizado com maior regularidade? A questão não é consensual e tem alimentado alguns debates, até porque o atacante teima em dar razão aos que o desejam ver jogar mais vezes. Ontem voltou a fazê-lo, fabricando a vitória do Braga no Estádio dos Barreiros - a terceira em três épocas, e novamente por 2-1 -, de onde só o Benfica havia saído como vencedor, pois o Marítimo faz dos jogos em casa a principal fonte de rendimento. Desta vez, porém, foi Leonardo Jardim quem recolheu mais dividendos, fruto de uma aposta acertada no português ao minuto 58, que possibilitou aos arsenalistas alargarem novamente a diferença pontual para o Sporting e, acima de tudo, lançarem o assalto ao segundo lugar, ocupado pelo FC Porto, que está agora a apenas três pontos de distância.
Para somar o décimo encontro consecutivo sem perder - e o 11º sempre a marcar -, o Braga teve de correr atrás de um prejuízo para o qual também contribuiu. Primeiro revelou pouca eficácia na finalização - Paulo César, Lima e Hélder Barbosa falharam boas ocasiões para marcar; depois mostrou falta de concentração na hora de defender um lance de bola parada, que, curiosamente, é uma das especialidades da equipa. A desatenção, provocada por uma correcção que Leonardo Jardim estava a fazer ao posicionamento de Hugo Viana, permitiu ao Marítimo obter um golo caído do céu, apontado por Pouga, grande beneficiado da mudança de Baba para o Sevilha.
Se os madeirenses davam sinais de não estar a sentir a falta do (ainda) segundo melhor marcador do campeonato, o Braga, órfão de Alan, não disfarçava alguma dificuldade em criar perigo pelos flancos. Foi com naturalidade, por isso, que Leonardo Jardim decidiu investir em Nuno Gomes em detrimento de Paulo César, deslocando o irrequieto Mossoró para o lado direito e dando liberdade a Lima para percorrer toda a frente de ataque. Ainda assim, o empate acabou por surgir na sequência de um canto, por intermédio de Custódio, que voltou a ser talismã nos Barreiros, onde nunca perdeu como jogador.
O golo perturbou o Marítimo, que acabaria por sair penalizado por dois erros cometidos num espaço de dez minutos: um individual, de Robson - foi expulso (65') -, o outro colectivo (75'), já que uma desatenção defensiva permitiu a Salino fazer do flanco direito uma auto-estrada até chegar ao destino final (linha de fundo), de onde cruzou para o desvio vitorioso de Nuno Gomes. Não admira, por isso, que Pedro Martins tenha recusado a ideia de que os madeirenses podiam ambicionar lutar pelo título. Com a derrota frente ao Braga, até o acesso à pré-eliminatória da Liga dos Campeões parece ser um sonho cada vez mais distante de alcançar.
