Corpo do artigo
Gonçalo Vieira teve um Natal com um sorriso no rosto. A equipa que representa, o Madeira SAD, vice-campeão nacional nas últimas duas temporadas à frente de equipas com orçamentos muito mais altos, como o Benfica e o Sporting, apresenta uma sequência de cinco triunfos consecutivos e o jogador está num excelente momento de forma. Na vitória sobre o Sporting, o ponta-esquerda foi a figura do encontro, marcando 11 golos. "Fiz uma boa exibição, porque a equipa trabalhou bem para que eu marcasse", constata com humildade a O JOGO, o pequeno grande jogador, de 1,71 m.
O seleccionador nacional, Matts Olsson, assistiu à excelente exibição de Gonçalo Vieira no Casal Vistoso e felicitou o madeirense, de 30 anos. "Disse que eu estava inscrito numa lista de 28 pré-convocados para os jogos de apuramento para o Mundial", conta, lamentando o facto de ainda não ter tido oportunidades na selecção principal: "Penso que já merecia uma hipótese. Fui o melhor ponta-esquerda do campeonato nacional na época passada e devem ser convocados os melhores."
Ao serviço do Madeira SAD há 11 anos, Gonçalo Vieira fez parte do plantel que foi campeão nacional em 2005 e gostava que a formação madeirense voltasse a conquistar um troféu. "Somos uma equipa que costuma morder os calcanhares aos candidatos ao título. Se esta temporada for igual às últimas duas já é muito bom, mas penso que já merecíamos mais um título", considera o jogador, triste pela Taça de Portugal ter escapado na época passada.
Porque é difícil viver apenas do andebol - "o ordenado não é muito alto e a carreira é curta", lembra -, o ponta-esquerda também trabalha como técnico de turismo, uma actividade fácil de conciliar com a vida de andebolista. "Faço visitas com grupos a áreas protegidas da ilha, organizo desportos radicais, como o canoeing e o trekking", explica.
"Cresci a ver o meu primo jogar"
Gonçalo Vieira não tem nenhum ídolo em particular no andebol, mas tem uma referência dentro da família e do clube: o primo Paulo Vieira, antigo atleta do Madeira SAD, também um jogador de baixa estatura e ponta-esquerda. "Cresci a ver o meu primo jogar e foi a pessoa que mais me inspirou ao longo da carreira. Há ainda a curiosidade de jogarmos na mesma posição", recorda o andebolista madeirense, que começou a jogar aos dez anos no Académico do Funchal, representando depois o Marítimo e mudando-se definitivamente para o Madeira SAD em 2000. Há ainda outros colegas de profissão que admira, mas não enumera nomes: "No andebol tiramos um pouco de cada um para construirmos um boa equipa."