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Em Outubro, aquando da segunda operação ao joelho direito, deu uma entrevista explosiva ao "Soviet Sport". Fê-lo para tornar inequívoco que era impossível o relacionamento com o então director para o futebol, Costinha?
Quis acima de tudo exprimir o meu estado de alma, aquilo que estava a sentir naquele momento. Tudo o que disse era a minha verdade e disse-o de uma forma franca. Entendi que era importante marcar uma posição, transmitir o meu pensamento, porque havia quem dissesse muitas coisas a meu respeito sem razão de ser. Tinha mesmo de falar. Além de questionar Costinha e de não poupar o então presidente Bettencourt, também pôs em causa o médico Gomes Pereira, com quem hoje trabalha como se nada tivesse acontecido. Não tinha confiança nele, mas agora já tem. Como se explica esta mudança radical?
Um aspecto importantíssimo foi a mudança criada pela entrada de José Couceiro no clube, investido de plenos poderes para resolver questões internas. Por outro lado, já tinha passado bastante tempo sobre o período de maior conflitualidade - durante o qual também tive o apoio do Sindicato dos Jogadores. A poeira já tinha assentado e tornámo-nos mais realistas e racionais quanto à necessidade de encontrar soluções. A partir de certo momento, as questões sensíveis passaram a ser colocadas num patamar diferente. José Couceiro sugeriu que não fazia sentido eu recuperar fora do clube, quando tinha contrato com o Sporting, e criou condições para a minha reintegração. Começámos a falar, tive então várias conversas com o médico, esclarecemos tudo em nome dos superiores interesses do clube e promovemos a reconciliação. Fiquei feliz, porque Gomes Pereira é uma pessoa inteligente e compreendeu-me. Não quero mexer muito mais no passado. O que posso dizer é que hoje trabalhamos de uma forma extraordinária, sem qualquer tipo de problemas, de forma sincera e muito melhor do que trabalhávamos no passado. Antes da pacificação, esteve praticamente fora de Alvalade. A anterior administração da SAD tencionava rescindir-lhe o contrato de forma unilateral. Se Couceiro não tivesse intervindo, hoje ainda seria jogador do Sporting?
Não, acho que já não seria, porque a linha de orientação era outra. Não é segredo para ninguém que tínhamos chegado a uma situação em que não havia condições mínimas para trabalhar. Em face disso, o que se perspectivava era a minha saída, não havia outra solução. Felizmente, tudo mudou. Foi reintegrado em Fevereiro, um dia depois da demissão de Costinha. Apenas uma feliz coincidência?
Uma coincidência, apenas isso. Falaram?
Não, não chegámos a falar em nenhum momento. E o presidente José Eduardo Bettencourt, então já demissionário, mas ainda em funções, conversou consigo?
Não. Como foi recebido pelos colegas?
De uma forma excelente. A minha relação com eles sempre foi excelente. Todos os meus colegas sabem como sou, como me empenho no trabalho, como me sacrifico. Comemos juntos, vivemos juntos... As pessoas conhecem-me e, quando assim é, não há problemas.
"Houve um clube que me quis"
Houve interesse de um clube, isso é verdade, e o Sporting teve conhecimento da situação. Houve conversações. Que clube?
Não vale a pena referir o nome, pois isso faz parte do passado. É um assunto morto e enterrado.