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À partida para férias, Falcao, o supergoleador capaz de voar sobre quaisquer obstáculos e fazer golos de todas as maneiras e feitios, deparou-se com uma barreira impossível de fintar - ou quase, porque, como a época provou, jogo após jogo, é provável que para este colombiano não haja impossíveis: nem sequer uma longa e inesperada fila para o portão de embarque por onde devia passar com urgência, porque a hora do voo com destino a Madrid aproximava-se já perigosamente. Manhã cedo, o avançado portista chegou ao balcão de "check in" em cima da hora, com nove malas que despachou, pacientemente. Depois, fintar os jornalistas foi simples: bastou a alusão às horas, sublinhada com repetidos pedidos de desculpa, enquanto seguia, ligeiro, a caminho do portão de embarque, então fora do alcance visual. Ao avistá-lo, uma surpresa: mais de uma centena de passageiros numa fila que o tempo curto para o voo das 8h35 da Ibéria não admitia. Falcao e a companheira ocuparam o lugar no fundo da multidão e o colombiano tratou de contactar o funcionário da agência de viagens que o acompanhara no "check in" e que tentou, em vão, que os seguranças abrissem uma excepção para o avançado portista - fantástico nos relvados, mas igual aos demais cidadãos, fora deles. Na aflição de Falcao, um menino aproximou-se a pedir um autógrafo e levou a recordação sublinhada com um sorriso. A simpatia foi mesmo a solução para não tornar ainda mais longo o caminho para casa (por Espanha, via Argentina, até à Colômbia). O funcionário pediu a um passageiro na fila se não se importava de deixar passar o casal Falcao e o homem, a caminho da Suíça, com um encolher de ombros, cedeu-lhe a vez. Nem era simpatizante portista, apenas cortês. E foi assim que, por uma vez, Falcao viu uma barreira abrir-se diante dele sem a ameaça de um remate e, sem oposição, deixá-lo voar para férias.