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O Benfica conseguiu apurar-se para as meias-finais da Taça da Liga graças à oitava vitória em outros tantos jogos disputados em Janeiro. É o máximo de triunfos obtido num só mês em toda a história do clube, recorde que assenta como uma luva numa equipa que, mesmo podendo perder, mostrou que só está satisfeita quando demonstra superioridade inequívoca sobre os opositores. E, já agora, quando enche de golos as redes adversárias.
O Aves talvez não depositasse uma imensa fé no 2-0 que lhe podia dar o apuramento para as meias-finais desta prova. Mas lá que acreditava, pelo menos num resultado surpreendente, parecia não haver dúvidas, tendo em conta que os nortenhos entraram dispostos a um braço-de-ferro puramente físico com o Benfica. E as asas deste "passarinho" da Liga Orangina ainda lutaram durante uns bons 20 minutos com as poderosas asas da magnânima ave de rapina que é a águia. Nos limites da virilidade, a pressão que os avenses imprimiam no campo todo ia mantendo encolhidas as garras do adversário, permitindo-lhes, inclusive, criar uma série de jogadas perigosas junto da baliza dos encarnados.
O Aves teve um golo (quase) anulado por fora-de-jogo e ainda outro iminente, desta feita negado por Moreira, que se antecipou a Nélson Pedroso. Mas apesar de se poder apurar até com uma derrota pela margem mínima e de ter entrado em campo com apenas dois elementos habitualmente titulares (Aimar e Javi García), este "novo" Benfica, que já se vai assemelhando ao da época passada - pelo menos na entrega e no espírito de conquista -, queria mesmo vencer, começando a empurrar gradualmente o adversário para trás.
Os encarnados já haviam tido uma ocasião flagrante desperdiçada por Jara aos 15', mas conseguiram marcar à sua segunda oportunidade de golo, por Javi García (sempre um perigo quando sobe à área contrária), na resposta a um centro perfeito de Fernández, que não podia ter sonhado com melhor estreia e que, apesar de não ter deslumbrado ninguém, parece que tem condições para responder, pelo menos no aspecto físico e na forma aguerrida como se entrega ao jogo, às exigências de Jorge Jesus.
O golo-que-não-foi do Aves e o tento que contou mesmo, por Javi García, pesaram de formas opostas: os nortenhos reentraram com metade do fôlego que tinham mostrado na primeira parte e, por sua vez, os lisboetas começaram a atacar com maior confiança.
Se a questão do apuramento já tinha ficado mais do que resolvida, a vitória no jogo ficou também cedo decidida, com Jara a mostrar que é cada vez mais opção para outras "guerras", facturando num remate convicto - e só quem não vacila na hora do remate pode estar no Benfica. Depois, Nuno Gomes tornou-se numa dor de cabeça ainda maior para Jesus, marcando apenas quatro minutos depois de entrar em campo e assistindo (o quase sempre desinspirado) Felipe Menezes no 4-0. Agora, nas meias-finais, as águias vão ter um dérbi frente ao Sporting, emblema que tem a expressão "Esforço, Dedicação, Devoção e Glória" como lema. E foi precisamente com muito esforço e dedicação que estes "suplentes" das águias lá chegaram...
Aves-Benfica 0-4
Estádio do Desportivo das Aves
Relvado Mau
Espectadores 5000
Árbitro Carlos Xistra
Golos
0-1 Javi Garcia 35'
0-2 Jara 69'
0-3 Nuno Gomes 76'
0-4 Felipe Menezes 90' Aves
Hélder Godinho, Marco Airosa, Tiago Valente, João Pedro, Vítor Vinha, Júlio César, Lourenço (Pedro Cervantes, 67), Nélson Pedroso (Diogo Viana, 46), Pedro Pereira (Tozé Marreco, 60), Vasco Matos e Luisinho.
Treinador Vítor Oliveira Benfica
Moreira, Luís Filipe, Sidnei, Jardel, César Peixoto, Javi Garcia, Felipe Menezes, Aimar (Airton, 63), Fernández (Salvio, 57), Jara e Kardec (Nuno Gomes, 72).
Treinador Jorge jesus