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Rod Laver continua a ser o último tenista que conquistou quatro torneios seguidos do Grand Slam. O australiano sucedeu nesse registo - tão raro como histórico - ao americano Donald Budge (1938), e logo em duas ocasiões (1962 e 1969). Ontem, na sua residência na Califórnia, Laver terá visto Rafael Nadal falhar o Grand Slam a "cavalo": vitória nas quatro etapas, mas de um ano para outro.
Nos quartos-de-final de um Open da Austrália que foi forçado a abandonar, na mesma fase do ano passado, devido a crónicos problemas num joelho, Nadal voltou a ser traído pelo seu corpo. Estavam decorridos apenas os três primeiros jogos do encontro com David Ferrer, quando o número um mundial pediu assistência médica. Recolheu aos vestiários e, quando voltou, deu claramente a entender não estar nas melhores condições.
Com uma ligadura a proteger a coxa esquerda, dirigiu o olhar para o seu staff e desabafou: "Os ísquios. Fiz uma rotura de fibras, é certo. Uma rotura de fibras, é certo", repetiu, desolado. A partir daí viu drasticamente reduzida a sua mobilidade e, como seria de esperar, viu também apagar-se a sua intensa chama competitiva.
Do outro lado da rede, Ferrer, o valenciano conhecido pela alcunha de Ferru, não baixou a guarda. Manteve-se concentrado, apesar das várias interrupções solicitadas pelo compatriota, e o braço nunca tremeu. Fez uma exibição muito segura, elogiada, aliás, pela sua "vítima", selando o encontro com os parciais de 6-4, 6-2 e 6-3, em 2h33.
Apesar da rotura nos isquiotibiais (conjunto dos músculos da parte posterior da coxa), Nadal recusou o abandono. E explicou: "Retirar-me seria o mais natural, mas essa é sempre uma sensação feia. Prefiro continuar a lutar até ao fim e, neste caso, fui capaz de suportar as dores."