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>Chuva de críticas no adeus a Dunga
Foi a ser chamado de "burro" que Dunga se despediu do cargo de seleccionador do Brasil - e já se fala de Scolari, que assumiu recentemente o Palmeiras, para voltar ao cargo. Os adeptos presentes na África do Sul não perdoaram a eliminação precoce do Mundial às mãos da Holanda e fizeram questão de demonstrar o desagrado pelas escolhas do seleccionador, com o qual sempre tiveram uma relação tensa. Antes do fim do seu ciclo no escrete, Dunga deixou elogios aos seus jogadores, especialmente a Felipe Melo, e assumiu a responsabilidade. "Vi o compromisso dos jogadores de vencer. Se pegarmos na história da selecção, poucas vezes a equipa ficou 52 dias sem folgas, sem reclamações dos jogadores. Em relação ao Felipe, é injusto colocar-lhe todas as culpas pela derrota", afirmou Dunga.
O acto irreflectido de Felipe Melo, que resultou na sua expulsão, e a falta de capacidade de resposta da equipa depois do golo de Sneijder tiveram honras de Estado, com o presidente Lula da Silva a manifestar-se "atónito" com o desequilíbrio emocional exibido pelo escrete. "Ficou sentado a tentar entender o que tinha acontecido. Como todo o brasileiro, ele ficou atónito com o desequilíbrio emocional da equipa. Ele achou que muitos jogadores actuaram abaixo do esperado", revelou Gilberto Carvalho, chefe do gabinete da Presidência.
Já a grande maioria da comunicação social brasileira optou por realçar a péssima segunda parte da selecção canarinha. "Depois de uma boa primeira metade, o Brasil sofreu um acidente e caiu diante da Holanda em dia inspirado de Sneijder", escreve a "Gazeta Esportiva", enquanto a "Folha de São Paulo" abriu a sua edição digital com a fotografia de Júlio César em lágrimas, classificando de "curto-circuito" e "queda livre" a exibição do escrete na segunda parte. Para o jornal "O Globo", as responsabilidades da saída precoce do Mundial recaem todas sobre Dunga. "Ele tentou adoptar uma filosofia completamente diferente da de 2006. Ironicamente, o resultado foi o mesmo: a derrota diante de uma selecção europeia e a eliminação nos quartos-de-final", escreve "O Globo".