Corpo do artigo
O Complexo Municipal de Ginástica da Maia transformou-se, nos últimos cinco dias, no santuário do karaté. Neste caso do estilo goju ryu, originário de Okinawa, a ilha japonesa de onde veio expressamente a Portugal aquele que deve ser considerado como o "ídolo" dessa arte marcial.
Ao entrar no mundo do karaté é quase preciso andar com um dicionário, para se perceber o seu vasto glossário de termos japoneses. O goju ryu, numa tradução livre, corresponde à aprendizagem de técnicas duras, rígidas com formas suaves. O Gasshuku Portugal - o quarto dos 27 estágios mundiais já efectuados por cá - teve a chancela da Associação Portuguesa (APOGK) e para os mais de 800 participantes só uma palavra descreve o que se passou: sublime!
Ontem, no encerramento, parecia que o pavilhão tinha sido coberto por um gigantesco lençol branco e pequenas fitas coloridas. Tratava-se, afinal, do fantástico cenário criado por kimonos e cinturões. Ajoelhados diante dos mestres, num silêncio capaz de fazer estremecer qualquer fria alma, ouviram-se alguns gritos em uníssono, antes de Jorge Monteiro - o mestre de cerimónias, mas também o mais graduado dos portugueses - discursar, sem necessitar de som "artificial". O sucesso da iniciativa foi desde logo alcançado com o número de inscrições. Para a história fica, como o presidente da APOGK destacou, "a amizade entre os participantes em representação de 33 países na luta das mãos nuas, que não precisam de armas para defender a paz, a harmonia, o respeito, a educação. Valores que se pedem a uma qualquer sociedade".