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Parte integrante da geração de ouro do andebol português, Filipe Cruz abraçou a carreira de treinador em 2006, para treinar o 1º de Agosto e, mais tarde, em 2009, a selecção de Angola. Para preparar o Campeonato Africano das Nações (CAN) regressou a Portugal para uma semana de estágio e a forma como foi acarinhado antes do encontro amigável entre a Selecção Nacional e a congénere angolana mostra bem que as exibições de Filipe Cruz ainda estão frescas na memória dos portugueses. "As pessoas ainda me conhecem e ainda sinto o carinho que têm por mim", afirma a O JOGO.
O antigo lateral-direito já tinha estado em Portugal em Agosto, para disputar um torneio de pré-temporada que serviu de preparação para os Jogos Pan-Africanos. "Os frutos do estágio reflectiram-se nos Jogos, pois chegámos à final com o Egipto. Foi muito bom, porque eu conheço bem o andebol português e fizemos bons testes", considera o seleccionador.
Para além destes dois estágios, Filipe Cruz não vem a Portugal tantas vezes quanto gostaria, ainda que tenha cá a família a viver: "Agora venho poucas vezes, porque tenho grandes responsabilidades no andebol angolano. Na maior parte do tempo é a minha família vai mais vezes a Luanda."
A orientar um grupo jovem, cuja média de idades ronda os 22 anos, Filipe Cruz ambiciona "conquistar um lugar no andebol africano". "De Janeiro de 2010 até agora, Angola ao mais alto nível fez cerca de 30 dias, não mais do que isso. O andebol só se pratica em Luanda e o campeonato só tem seis equipas. Fica extremamente difícil para um seleccionador ir buscar jogadores, mas vamos fazendo alguns 'milagres'", acrescenta, estabelecendo como objectivo "chegar ao pódio na CAN", que se disputa em Marrocos, entre 10 e 21 de Janeiro.
Como jogador, Filipe Cruz esteve 13 anos em Portugal, entre 1990 e 2003, não descartando a possibilidade de um dia treinar em Portugal. No entanto, agora quem mais precisa é o seu país natal: "Seria uma experiência enriquecedora, ia aprender muito mais, estaria ao mais alto nível, com condições de qualidade e podia exigir muito mais de mim. Mas Angola precisa mais de mim, porque tem escassez de treinadores. Acho que tenho mais importância lá do que aqui, que há muitos Filipe Cruz."