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Sérgio Paulinho, Rui Costa e Manuel Cardoso, os portugueses do Tour 2010, são pontas soltas de um enredo que se inicia amanhã em Roterdão e, cumprindo o seu ritual, chega a Paris após três semanas de corrida - um prólogo e 20 etapas, num total de 3641,9 quilómetros. Não sendo protagonistas, que esse papel é para Alberto Contador e Lance Armstrong, a cada um caberá uma missão distinta. Paulinho, 30 anos, servirá de gregário de luxo a Armstrong e companhia na RadioShack; Rui Costa (Caisse d'Epargne) é o "jóquer" de uma equipa sem Alejandro Valverde, que tentará as fugas para ganhar uma etapa; por fim, Manuel Cardoso (Footon-Servetto), o estreante, é o líder da mais modesta formação em prova e tentará lutar pelos lugares de honra no sprint.
Se o papel dos portugueses é um dado novo e estimulante - desde 1984 que não tínhamos uma presença tão alargada em prova -, a principal trama do Tour continua a ser o duelo entre o duplo vencedor Alberto Contador (2007 e 2009) e o veterano Lance Armstrong, na sua Volta de despedida, aos 38 anos, e após uma série invencível de sete vitórias (1999 a 2005). Nesta peleja entram, como personagens secundárias, Andy e Frank Schleck (Saxo Bank), Cadel Evans (BMC), Bradley Wiggins (Sky), Dennis Menchov (Rabobank) e Ivan Basso (Liquigas), entre outras que compõem o círculo dos crónicos favoritos. E qualquer deles pode tirar dividendos daquela que é para todos a grande questão: ganhará o homem mais forte, Alberto Contador, ou a equipa mais forte, a RadioShack de Lance Armstrong?
Num percurso que promete agarrar desde o começo, com as etapas perigosas da Holanda e da Bélgica e o "empedrado" de Roubaix na terceira etapa, primeiro chega-se aos Alpes e só depois aos Pirenéus. Entre as alturas há uma subida que se destaca, o Tourmalet, a escalar em duas ocasiões (16ª e 17ª etapa) cem anos após a sua estreia na prova, assinalada com o grito de Octave Lapize, o primeiro no alto. "Assassinos", gritou então aos organizadores. Agora não se espera tal acusação, embora exista um aparente desequilíbrio entre a muita montanha e o agora único contra-relógio longo.