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A primeira página do desportivo "Olé" dá o tom: "Ri(ve)r para crer". A federação argentina (AFA) fez aprovar um alargamento nunca visto que tem como feliz consequência a garantia do regresso do River Plate à liga já em 2012. O River Plate é um gigante - oito milhões de adeptos - caído na segunda divisão. "Recaído" explica melhor. Calculado precisamente para que, com o bambolear do barco - e na Argentina bamboleia-se a sério -, nenhum dos grandes clubes saísse borda fora, o regulamento estipula que desça quem tem pior média de pontos nos três anos anteriores; ou seja, o River não caiu uma vez: caiu três. Melhor, quatro, porque mesmo sendo 17º nesse campeonato trienal, pôde jogar um play-off com o quarto classificado da segunda divisão - e perdeu, ficando entregue à parte negra do regulamento feito à medida dos seus antigos interesses: a perspectiva de levar outras três épocas a voltar à liga. É neste ponto que a federação intervém, projectando a fusão das duas divisões numa competição para 38 equipas: "Ri(ve)r para crer". Um porta-voz da AFA oficializou entretanto as leituras: a intenção é mesmo evitar que "as equipas importantes" desçam, porque o governo paga cem milhões de euros (as transmissões televisivas são estatizadas) e os adeptos do River, ou do Boca, pesam muito nas contas. A história dá-nos duas noções, uma velha e outra nova: a primeira, e dado que os clubes aprovaram a ideia sem votos contra, é que entre o espírito do desporto e as receitas, ganham as receitas; a segunda é que se o River dá receitas, a importância do espectáculo anda muito sobrevalorizada. Uma equipa que desce três vezes seguidas tem de ser miserável.