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Acordei com a notícia da explosão de um carro armadilhado algures na Colômbia, sem vítimas, apenas com o susto das autoridades que tentavam anular a carga explosiva e dos jornalistas que seguiam a operação. Confesso que estranhei. Nunca sei no que acreditar numa terra onde "impressionar" é verbo que alguns governantes conjugam sem pudor: este é um procedimento típico das FARC (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas) e, noutras ocasiões, tem custado vidas. É impossível saber se foi o caso ou se terá sido manobra para pôr em evidência a necessidade de enviar mais um batalhão do exército para as montanhas - outra notícia do dia. Todos os dias acordo com notícias que envolvem a polícia, como se daí resultasse uma sensação de segurança. Respeito o esforço de todos, mas a partir de um certo limite soa-me a falso. Desligo do problema e vou-me a descobrir os dias como eles se oferecem. A Colômbia é bem melhor do que estes jogos: ontem, o condutor enrugado de um táxi também velhote fez questão de me mostrar o Pascual Guerrero (onde eu passara pouco antes). "Já viu o estádio? Viu como está bonito? Vou levá-la lá!", decidiu pelos dois. "Não lhe cobro mais do que os sete mil pesos", sossegou-me quando já desviava a viatura na direcção do recinto que o enche de orgulho. Essa manobra impressionou-me.