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Arranque demolidor
Cumpriam-se os últimos dias de Julho, quando o Braga deu o primeiro sinal de que a participação nas provas europeias em 2010/11 poderia ser histórica. O Celtic era o primeiro obstáculo que tinha de ultrapassar para realizar o sonho de disputar uma fase de grupos da Liga dos Campeões, mas os escoceses quase não deram resistência na Pedreira. Alan abriu caminho à vitória na marcação de uma grande penalidade, Elderson (com um desvio oportuno) e o revolucionário Matheus (com uma bomba num livre) deram-lhe robustez já na parte final. O último foi mesmo a figura para O JOGO.
Celtic 2-1 Braga
Inferno vira paraíso
Nunca uma derrota fora tão saborosa para o Braga como a sofrida no Celtic Park, um estádio mítico, descrito pelos adversários como um inferno, mas que afinal foi o paraíso para os arsenalistas. Paulo César foi o homem que lhes deu tranquilidade, adiantando-os no marcador após jogada de Alan, considerado por O JOGO a figura do encontro. Nem os dois golos marcados pelos católicos na segunda parte impediram os minhotos de seguir para o play-off da prova.
Braga 1-0 Sevilha
Acessíveis, dizem eles
Talvez pouco familiarizado com o que o Braga havia feito na eliminatória anterior, José María del Nido classificou os minhotos como "um adversário acessível" no play-off da Champions. No entanto, o presidente do Sevilha teve de engolir essas palavras logo no jogo da primeira mão. Matheus voltou a ser decisivo, marcando o único golo do encontro numa recarga a uma defesa incompleta de Palop, merecendo a distinção de figura para O JOGO.
Sevilha 3-4 Braga
Explosão de Lima
"Uma terça-feira quente de Agosto vai figurar na história do Braga como o dia em que a equipa de Domingos Paciência gelou o Estádio Sánchez Pizjuán, casa de uns incrédulos adeptos do Sevilha, e escreveu a mais bonita página dos seus 89 anos. Os guerreiros do Minho vão disputar pela primeira vez a fase de grupos da Liga dos Campeões, obtendo assim o visto que lhes garante a entrada num restrito lote de equipas portuguesas do qual só fazem parte Benfica, FC Porto, Sporting e Boavista." Parte desta história escreve-se assim, com o início da crónica de O JOGO, mas não se resume a isto. Convém recordar que, na Andaluzia, foi Matheus (a figura do encontro) quem acendeu o rastilho para a explosão de alegria dos bracarenses, que viria a ser confirmada graças a um hat trick de Lima. Os golos de Luís Fabiano, Jesús Navas e Kanouté serviram apenas para dar mais espectacularidade à vitória (4-3).
Arsenal 6-0 Braga
Desastre em Londres
O Braga entrou embalado na fase de grupos da Liga dos Campeões, mas espatifou-se logo na primeira curva, em Londres. O Arsenal marcou cedo, num penálti cometido por Felipe, e os arsenalistas... do Minho nunca mais se recompuseram, sofrendo uma derrota (6-0) que entrou para a história por ter igualado a pior de sempre do clube em provas europeias, que, curiosamente, tinha sido averbada em 1983/84 contra o grande rival dos gunners: o Tottenham. Alan foi a figura de O JOGO num encontro que teve golos de Fàbregas, Carlos Vela (dois cada um), Arshavin e Chamakh (um cada um). Braga 0-3 Shakhtar
Oitavos a fugir
À segunda jornada da fase de grupos, mais uma derrota, agora com o Shakhtar, que à partida era o adversário dos minhotos na luta pelo apuramento para os oitavos da Champions. O sonho, porém, começou a perder força neste encontro, no qual Felipe esteve desastroso e Matheus foi a figura do lado arsenalista.
Braga 2-0 Partizan
De volta à realidade
Ferido pelos dois desaires anteriores, o Braga aproveitou a recepção ao Partizan para voltar à realidade. Relegando para segundo plano a nota artística e jogando apenas para os pontos, os bracarenses marcaram na primeira oportunidade de que dispuseram (livre de Lima, a figura escolhida por O JOGO) e confirmaram o triunfo na última (contra-ataque concluído por Matheus).
Partizan 0-1 Braga
Xerife atira a matar
Num ambiente terrível em Belgrado, o Braga jogou de forma fria e calculista e arrumou em definitivo com as contas do Partizan. Moisés, o homem do jogo, fez o golo solitário do triunfo dos bracarenses, relançando-os na luta pelo apuramento para os oitavos-de-final da Champions. Após o encontro, a matemática indicava que a equipa de Domingos Paciência podia ainda chegar ao primeiro lugar do Grupo H, embora fosse já bastante complicado.
Braga 2-0 Arsenal
Um furacão na pedreira
Dez minutos foi o tempo de que Matheus, também conhecido por Furacão do Sergipe, precisou para destruir o Arsenal e alimentar ainda mais o sonho da equipa de atingir a fase seguinte da prova. O primeiro golo do brasileiro foi bonito, o segundo... fenomenal. "O que era bom tornou-se óptimo com um comum alívio da defesa do Braga que o meio-campo do Arsenal não consegue interromper. A bola vai ter com Matheus, que, entre dois adversários, entra na área, faz gato-sapato de ambos e atira ao ângulo superior esquerdo. Um golaço", descreveu O JOGO. É fácil perceber quem foi a figura.
Shakhtar 2-0 Braga
Olá, Liga Europa
A longa viagem até Donetsk significou o fim da epopeia do Braga na Liga dos Campeões e o começo de outra na Liga Europa. Os arsenalistas chegaram com hipóteses matemáticas de se apurarem, mas estavam proibidos de perder. No entanto, as contas saíram furadas devido a um golo de Rat e outro de Luiz Adriano. Ainda assim, Sílvio - a figura de O JOGO - saiu de cara lavada.
Lech Poznan 1-0 Braga
Perdidos na neve
Uma deslocação à Polónia não é propriamente recomendada em meados de Fevereiro, e o Braga rapidamente percebeu isso, defrontando o Lech Poznan num relvado coberto de neve e com temperaturas negativas. Resultado: os bracarenses acabaram por perder, mas apenas por um golo - da autoria de Rudnevs -, até porque Artur realizou uma exibição soberba, que lhe valeu o título de figura do encontro pela generalidade da crítica.
Braga 2-0 Lech Poznan
30 segundos a sofrer
Depois de construir o resultado que lhe dava a qualificação para os quartos-de-final da Liga Europa, com golos de Alan e Lima (o homem do jogo), o Braga viu-se aflito para o segurar. O sofrimento maior surgiu no minuto 90. Durante 30 segundos, os polacos viram Kaká desviar um remate que levava a direcção da baliza de Artur e depois acertaram no poste. Um momento duplamente feliz para os arsenalistas.
Braga 1-0 Liverpool
Penálti decisivo
Em Inglaterra, não faltava quem acreditasse que esta eliminatória iria ser resolvida no AXA. E realmente foi, mas de uma maneira bem diferente da que os ingleses pensavam. É que o Braga aproveitou as fraquezas que o Liverpool apresentava na altura para marcar o golo que lhe viria a dar a vitória neste jogo e a carimbar o passaporte para os quartos. Alan foi o seu autor - e a figura de O JOGO.
Liverpool 0-0 Braga
Calados em Anfield
Mesmo com o apoio de cerca de 44 mil indefectíveis adeptos, o Liverpool foi incapaz de dar a volta à derrota averbada na primeira mão. Porquê? Muito simples. Domingos mandou às favas a vocação ofensiva da equipa e apostou todas as fichas na defesa, lançando, inclusive, Paulão para segurar o gigante Andy Carroll. Tão brilhante desempenho defensivo só poderia levar ao nulo final e à escolha de Rodriguez como homem do jogo.
Dínamo de Kiev 1-1 Braga
Obrigado, Gusev
Fruto dos muitos golos marcados nas eliminatórias anteriores, de Milevsky, Shevchenko e companhia só se diziam maravilhas, e os primeiros minutos do encontro pareciam querer apontar para uma goleada. O Dínamo atacou muito, mas, felizmente para o Braga, só marcou uma vez (Yarmolenko). O problema é que defendeu mal e, como se isso não bastasse, Gusev marcou na própria baliza, deixando as meias à mercê dos guerreiros do Minho, comandados pelo capitão Vandinho (a figura).
Braga 0-0 Dínamo de Kiev
Forte inviolável
Sem sofrer golos em casa desde a recepção ao Shakhtar, os arsenalistas fizeram da Pedreira novamente um forte e, mesmo jogando em inferioridade numérica durante cerca de uma hora, por expulsão de Paulo César (lateral-direito improvisado), aguentaram a pressão do Dínamo e qualificaram-se para as meias-finais. Salino foi um dos bracarenses em destaque e mereceu a distinção de figura pelo desempenho como defesa-direito.
Benfica 2-1 Braga
Capitão dá esperança
Novamente no papel de não-favorito, o Braga foi à Luz obter um resultado que lhe dava esperança de poder carimbar a qualificação para a final da Liga Europa em casa. Para isso, foi fundamental o golo marcado por Vandinho - Jardel e Cardozo marcaram para as águias -, num encontro em que Sílvio (o melhor dos arsenalistas) provou por que motivo o Atlético de Madrid o contratou.
Braga 1-0 Benfica
Eterno golo de Custódio
Há momentos que ficam para a história. O golo que Custódio apontou ao Benfica na segunda mão das meias-finais da Liga Europa, por exemplo, será eterno, pois levou o Braga pela primeira vez à final de uma competição europeia. O lance começou nos pés de Hugo Viana. "Nos dois jogos do campeonato, o médio [Hugo Viana] tinha marcado na sequência de livres directos. Desta vez não foi ele a atirar para a baliza, mas a precisão e tensão que saiu do cruzamento com que bateu aquele canto aos 19' fez metade do trabalho a Custódio, o tal que só estava em campo devido ao castigo de Vandinho. Depois houve também uma ajuda de Jardel, que criou raízes e não atacou a bola, como era sua obrigação. O médio do Braga apenas encostou a cabeça - e mais não foi preciso. O golo valeu a vitória, a eliminatória, a final e... vale para a história", descreveu O JOGO, que elegeu mesmo o ex-Sporting e ex-Guimarães como o melhor do encontro.
FC Porto 1-0 Braga
Final... de um sonho
Longe de ser mágica, a final da Liga Europa foi fundamentalmente histórica por ter colocado pela primeira vez frente a frente dois clubes portugueses. Do jogo, pouco ou nada há para recordar a não ser o golo que acabou com o sonho do Braga de conquistar o troféu, apontado por Falcao, quando já todos se preparavam para o descanso. Acabou por prevalecer a lei da eficácia, até porque não se pode dizer que o FC Porto tenha sido assim tão superior aos arsenalistas. Ambas as equipas tiveram duas boas oportunidades para marcar, mas só a azul e branca o conseguiu, já que Mossoró perdeu o duelo individual que travou com Helton pouco depois do intervalo, quando se encontrava isolado em plena área adversária. Custódio (o melhor bracarense para O JOGO), Miguel Garcia e Hugo Viana experimentaram assim novamente a sensação de perder uma final, depois de em 2005 terem sido derrotados pelo CSKA de Moscovo, quando alinhavam no Sporting.