"O pior é a parte da dieta. Só em comida gasto 400 euros por mês."

Para treinar, manda fazer material por encomenda e, aos 27 anos, ingere seis mil calorias por dia, mais quatro mil do que a média diária de um adulto.

Como se desperta para esta modalidade?

Via com o meu pai na Eurosport. E como já era um atleta maior do que o normal, as coisas foram acontecendo e fiz a minha primeira prova em 2009, no Homem mais forte de Portugal, em Aveiro. Comecei a treinar aos 13 anos, mas não era bem treino. Treinava kickboxing e depois fazia musculação no ginásio. Entretanto, fiz quatro provas de PowerLifting (uma variante do halterofilismo) até à competição de 2009.

E tem expressão?

Em Portugal, a modalidade é ainda pequena, mas lá fora, na Lituânia, na Islândia, por aí, é como o futebol cá.

Que vantagem tira da modalidade?

Nada. Não me beneficia em nada, nem interfere no meu dia a dia. A única meta é o atleta levantar mais peso ou percorrer maior distância em menor tempo, com peso.

Como foi a competição, na Maia?

Houve cinco provas. Começou com Loglift, ou levantamento do tronco. Num minuto levantei três vezes. Era o que tinha de fazer para ganhar. O outro melhor atleta tinha feito antes de mim e levantou duas. Seguiu-se o Frame Carry. É uma estrutura quadrada, de 340 quilos, e tinha de percorrer 20 metros no menor tempo possível. A terceira prova é o Yoke. É uma estrutura de 400 quilos. É do género das personagens dos Flinstones, que levantavam o carro e caminhavam com ele. A quarta prova foi o Deadlift, ou peso morto. Temos de levantar uma barra enorme, com oito pneus de todo o terreno, de 390 quilos. A última prova é a Roda de Konan. O nome vem do filme "Conan, o Bárbaro", do Arnold Schwarzenegger. Tínhamos de rodar 300 quilos. Dei um pouco mais de meia volta, quem ficou atrás de mim deu um quarto de volta.

Como treina?

Só há pouco tempo mandei fazer material semelhante ao das provas para ter no ginásio. Aquilo nem dá para comprar. Mando fazer em quem trabalha em ferro. Chego lá com o croqui desenhado e eles fazem.

Também puxa camiões?

Sim, essa é a prova que impressiona mais, mas é, provavelmente, a mais fácil. Quem está de fora vê e acha que é descomunal, mas a Roda de Conan ou o peso morto são mais complicadas.

Como se prepara?

Faço treinos de quatro horas, quatro dias por semana. Treino à segunda, terça, quinta e à sexta-feira. Na quarta, sábado e domingo recupero, com tratamento a quente e frio. É a técnica do Ronaldo, mas de maneira pobre.

E a alimentação?

O pior é a parte da dieta. Só em comida gasto 400 euros por mês. Nos suplementos já não gasto porque tenho um patrocínio da Gold. Como tudo o que é normal: arroz, batata, massa, frango, carne de vaca... o problema é a quantidade. Quando estou a preparar-me tenho uma dieta de seis mil calorias. Não tenho a dieta normal do pão com o leite, a fruta a meio da manhã. Como tudo o que tenho para comer àquela altura do dia. Costumava acordar de manhã ainda sem fome, com a comida do dia anterior. Tenho de comer muito mais do que devia para manter o meu peso.