A Praça dos Poveiros, no Porto, foi palco da competição "O Homem mais forte da Península Ibérica", em que portugueses e espanhóis mostraram a raça de que são feitos, com exercícios de força dignos de Hulk ou Thor. A modalidade ainda não tem provas regulares em Portugal, mas já tem atletas
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Como quem não quer a coisa, aproximam-se das pipas, pedras ou sacos de areia para lhes medir o peso: primeiro tocam-lhes e sentem-lhes a superfície. Depois, disfarçadamente, tentam levantá-los. "As pessoas que vêm ver querem certificar-se de que os objetos que levantamos são mesmo pesados e de que não estamos a fazer batota", conta, a rir, a O JOGO, Bruno Leal, organizador da competição "O Homem mais forte da Península Ibérica" que se realizou, este mês, na Praça dos Poveiros, no Porto, graças ao apoio da Do It Yourself Nutrition Portugal, Douro Azul e World of Discoveries.
Em Portugal, o "strongman" ou o atletismo de força, como é conhecida a modalidade, ainda não tem competições regulares ou entidade oficial. É Bruno Leal, um portuense de 37 anos que, em miúdo, admirava o possante personagem B.A. Baracus, da série "Soldados da Fortuna [A-Team], que se tem mexido para dar a conhecer estas competições que elegem os mais fortes de um bairro, de um país, de um continente ou do mundo. Mais de mil pessoas detiveram-se na Praça dos Poveiros num sábado à tarde - segundo Bruno Leal, o trânsito chegou a parar devido à curiosidade dos que passavam - para verem algumas dezenas de atletas a carregarem, durante 20 metros, sacos de areia de 80 quilos ou pipas de vinho de 100 quilos, a puxarem um camião de oito toneladas com o auxílio de um corda ou a levantarem uma pedra cilíndrica de 140 quilos a uma altura de 1,20 metros durante um minuto seguido, entre outras proezas impressionantes.
Foram cinco as provas em disputa, de acordo com o que é feito lá fora, nas competições oficiais. Há inclusive uma Liga dos Campeões Strongman, disputada por etapas em vários países.
"Desta vez, dediquei-me só à organização do evento, mas também costumo competir. Como em Portugal não existem mais provas, vou muitas vezes ao estrangeiro, em especial a Espanha, onde já existe uma federação", comenta Bruno Leal, que é proprietário de um ginásio para o qual comprou, para além das máquinas de musculação normais, aparelhos específicos para o "strongman".
"As modalidades mais parecidas com esta são o halterofilismo e o powerlifting. Os exercícios básicos de força são os mesmos", explica Bruno Leal, ex-praticante de basquetebol e karaté, "um magrinho nos seus tempos de adolescente" que se tornou num adulto de respeitosos 140 quilos. "Sempre pratiquei ginásio em paralelo com as outras atividades e quando a Eurosport começou a passar estas competições, apaixonei-me pela modalidade", diz ainda.
Um presente para a cidade.
"As crianças, então, adoram ver..."
Para Bruno Leal, as competições de "O Homem mais forte" ou "strongman" só fazem sentido se forem realizadas ao ar livre e se toda a população puder assistir gratuitamente. "As pessoas ficam curiosas, param para ver. As crianças, então, adoram! É uma modalidade muito popular", comenta Bruno Leal, que ajudou na coorganização de eventos deste género em 2011 e 2012 e sente-se orgulhoso por poder oferecer, mais uma vez, à cidade do Porto um espetáculo que é, ao mesmo tempo, a sua paixão. No dia a seguir a esta competição, Bruno Leal participou ainda, em frente à Alfândega, no Museu dos Descobrimentos, numa exibição, em que arrastou um autocarro com cerca de 15 toneladas...
Portugal campeão entre os "super-homens" com menos de 105 quilos
Dois grupos de pesos competiram em "O Homem mais forte da Península Ibérica": menos de 105 quilos e mais de 105 quilos. Para uns e outros difíceis graus de dificuldade, mas em ambos os pesos levantados e deslocados são acessíveis apenas a super-homens. "Temos de treinar força mas também resistência, para conseguir andar até 40 metros com eles não mão", explica Bruno Leal.