Em abril, Duarte Cardoso Pinto juntou-se a outros dois jogadores de râguebi e abriu o Palácio Chiado, um espaço nobre em Lisboa com restaurantes e bares, que rapidamente ficou nas bocas do mundo. O antigo "Lobo", que fez parte da primeira Seleção Nacional a participar num Mundial de râguebi, tenta passar os valores do desporto para um universo de glamour... e feras
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Que espaço é este, o Palácio Chiado?
É a antiga casa do barão Quintela, que recuperámos e fizemos a adaptação do local para albergar estas zonas de alimentação. Dividimos o espaço por salas e temos sete restaurantes e bares. Eu, e outros dois colegas, somos a administração do Palácio Chiado.
Dois colegas também ligados ao râguebi...
Sim, o António Paulo e o Gustavo Duarte, que ainda jogam no Agronomia.
E agora surgiu a recompensa com a nomeação para um prémio internacional.
Sim, é da revista "Wallpaper" e estamos nomeados para o prémio "Best New Restaurant". A revista, todos os anos, atribui prémios de arte e design, em diferentes categorias. É uma nomeação pelo trabalho arquitetónico, decorativo e artístico.
Completamente diferente de uma estrela Michelin, portanto.
Sim. Não é uma avaliação gastronómica, mas do espaço em si.
É o culminar de um primeiro ano em grande?
Sim, correu muito bem, estivemos em evolução constante. Temos cada vez mais público estrangeiro e tem sido muito bom para nós.
O Duarte já estava no ramo da restauração?
Não. Trabalhava em publicidade, mas surgiu esta oportunidade e tive logo a ideia do que poderíamos criar aqui.
Como se passa do râguebi para a publicidade e depois para a restauração?
É um processo de adaptação. Aqui tenho de fazer uma gestão diferente do meu tempo, tenho funções mais abrangentes e numa área completamente diferente. Tento fazer o que sempre fiz. Dedicar-me ao máximo e aprender com os melhores.
Como se "formou" para trabalhar na área?
Vimos muitas coisas lá fora, tivemos apoio de outras pessoas em Portugal, pessoas de várias áreas que nos ajudaram a definir o conceito e o modelo. Fomos evoluindo desde a ideia inicial até agora.
Costuma meter as "mãos na massa"?
Sim. Temos a gestão de um dos bares aqui no espaço e não tenho problemas em ir para trás do balcão servir cafés, fazer cocktails...
E o râguebi, que papel tem na sua vida?
Acompanho o Agronomia e a Seleção Nacional, mas como adepto. Jogo nos veteranos, mas não tenho qualquer papel ativo na modalidade.
O background de sofrimento e luta que adquiriu no râguebi aplica-se no negócio?
Claro que sim, ajuda na parte da concentração e da dedicação. Tento trabalhar sempre em equipa, para o bem comum e tento incutir esse espírito no pessoal com quem trabalho.
O Duarte, que fez parte dos "Lobos" do Mundial de râguebi de 2007, é reconhecido pelos clientes?
Sim, alguns reconhecem. Lembram muito esse momento. Foi uma geração que teve a sua notoriedade.
Foi também um momento impulsionador para a modalidade?
Claro, um grande boom. Podia ter-se dado um salto ainda maior, mas não se conseguiu. Mas na altura foi muito bom, sem dúvida.
Tem muitos antigos colegas na lista de clientes?
Claro.
"Jogadores já tinham vidas orientadas"
Passaram-se nove anos desde o Mundial de 2007 e a maior parte dos jogadores presentes nesse campeonato já deixou o râguebi, dedicando-se agora a outras áreas profissionais. Duarte, de 34 anos, admite que a "epopeia" dos Lobos possa ter aberto algumas portas, mas poucas... "No meu caso, por exemplo, isto é uma aposta pessoal e profissional. Do meu grupo de colegas dessa altura, muitos dos jogadores já tinham as vidas profissionais orientadas em termos de carreira. Talvez num ou outro caso se tenham aberto algumas portas, mas a maioria dos meus antigos colegas continua a fazer o que estava a fazer nessa altura, em termos profissionais."