A FIFA criou livro branco e comissão estuda forma de harmonizar datas dos diferentes mercados de contratações.
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O JOGO soube que a FIFA criou recentemente um livro branco, com regras para harmonizar as datas de fecho do mercado de transferências, sobretudo o de verão, e uma comissão que já estuda a forma de o aplicar. Permitiria que todos os campeonatos começassem com a janela de transferências fechada (como implementaram esta época Inglaterra e Itália) e poria termo, em Portugal, aos "saques" fora de prazo de mercados periféricos com dinheiro. "A FIFA iniciou em 2017 uma revisão cuidadosa do sistema de transferências. A Task Force do Sistema de Transferências, estabelecida pelo Comité de Stakeholders do Futebol da FIFA [do qual Fernando Gomes é um dos 25 membros] e composta por representantes das confederações, federações nacionais, Associação Europeia de Clubes, FIFPro e Fórum das Ligas Mundiais, está atualmente a avaliar potenciais mudanças no sistema de transferências em várias áreas. Dentro desta revisão contínua, a Task Force está a estudar novas propostas no que diz respeito às janelas de transferências. Nenhuma decisão foi tomada até ao momento", disse a O JOGO um porta-voz do organismo. Esta hipótese, real já para 2019, afasta as reticências da Liga Portugal e dos clubes nacionais, que entendem que um fecho antecipado do mercado teria efeitos "perversos" devido à atividade que se mantém em aberto em campeonatos como o da Rússia (até quinta-feira, dia 6, tal como na Roménia e Bulgária - a FIFA terá dado à Turquia mais uma semana, até sexta-feira, 7, devido à celebração do Kurban Bayrabi, "dia do sacrifício", que contemplou quatro feriados no final de agosto). A perversidade seria a potencial sangria dos plantéis nacionais fechados e só possíveis de reequilibrar em janeiro.
Em 2012, Hulk e Witsel trocaram FC Porto e Benfica pelo Zenit a 3 de setembro, já depois do fecho de mercado em Portugal.
Na Liga, entre clubes e em comissões técnicas, o assunto há muito que é explorado. O experiente treinador do Paços de Ferreira, Vítor Oliveira, é frontal. "É uma situação absurda. Toda a gente que está ligada ao futebol sente que o mercado devia fechar antes da competição, era bom para toda a gente. Quem vê a médio e longo prazo iria aprovar", defende. E conclui: "Os meus jogadores ficariam muito mais tranquilos e não continuariam a ser assediados."
O presidente do Sindicato dos Jogadores diz que "qualquer limitação no acesso ao trabalho é negativo", mas acede em nome da competitividade. "A FIFA e a FIFPro [organização mundial dos jogadores] discutem há muito o regulamento de transferências e criaram um documento que está a ser desenvolvido e que conta com alguma sensibilidade para se fecharem os mercados antes do início das competições", informa Joaquim Evangelista. "Tem merecido alguma aceitação e é merecedor de concordância. Já não vai haver consequências para esta época, podemos é regulamentá-lo para a próxima", conclui.
Artur Fernandes é implacável: "Estamos por dentro do livro branco da FIFA. Mas tem é de atuar de uma vez só. Não há estudos a fazer, é uniformizar a cem por cento as datas de mercados de transferências, e não a vinte por cento", dispara o presidente da Associação Nacional de Agentes de Futebol.
PORTUGAL: MENOS ENTRADAS, SAÍDAS E RECEITAS NO MERCADO DE VERÃO
Benfica passou de mais lucrativo na Europa a 8.º na Liga, que perdeu 136,93 milhões de euros de lucros. Menos 38 entradas e 33 saídas nos plantéis. E menor investimento: 84,2 contra 90,4 milhões.
Os anos pares, de Europeus e Mundiais, geram negócios menos volumosos no mercado em Portugal. Em 2017, o Benfica superou 2015 com o melhor saldo entre vendas e compras da Europa: 121,17 milhões, contra 85,5 do Dortmund. Agora, foi 8.º na I Liga. As movimentações caíram: foram contratados menos 38 jogadores e saíram menos 33 do que há um ano. O lucro geral de 107,455 milhões é 45% inferior aos 238,165 milhões de 2017.
O FC Porto lidera no saldo (38,2 milhões), seguido de Braga (14,3), V. Guimarães (11,75 milhões), Rio Ave (11,5), Sporting (8,35), Feirense (7,2) e Portimonense (5, excluindo o não esclarecido valor pago pelo FC Porto por Paulinho). O Benfica somou 4,120 milhões de euros.
Os dragões foram os que amealharam mais com as saídas (21, uma a mais do que o V. Setúbal, com 20 saídas e 21 entradas - 8 nos portistas e 7 em Braga). Registaram 65 milhões em vendas (70,2 em 2017). Comparativamente, Sporting (30,75; 2017: 52,98) e Benfica (30,2; 2017: 131,12) faturaram menos de metade e o Braga menos de um terço (20,1; 2017: 34,28). Os quatro primeiros em 2017/18 movimentaram menos euros e a Liga ressentiu-se: os quatro valem 76,2% das vendas, 96,3% das compras e 60,5% dos lucros. Este ano, encaixaram 146,05 milhões dos 191,635 de vendas (2017: 288,58 dos 328,56 totais). E investiram em contratações 81,08 milhões de um total de 84,18 (em 2017, assumiram 84,85 milhões dos 90,395). Tantos números, mas Jackson (Portimonense) e Coentrão (Rio Ave) entraram a custo zero.